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Luta dos EUA é contra culturas e religiões
José Carlos Pegorim
Do Diário do Grande ABC
22/09/2001 | 22:01
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Diplomata por 45 anos, dez dos quais em países muçulmanos, o ex-embaixador brasileiro Amaury Banho Porto de Oliveira, 75, deixou seu último posto, em Cingapura, em 1991, e passou a colaborar com o grupo de relações internacionais do Instituto de Estudos Avançados da USP (Universidade de São Paulo), onde assumiu a responsabilidade de avaliar a conjuntura da Ásia Oriental. Não é de escrever livros, prefere os artigos – uma centena deles publicados em periódicos especializados. Não tem telefone celular, não tem e-mail e usa uma máquina de escrever eletrônica. O fax em seu escritório, forrado e bem sortido por livros e revistas estrangeiros, tem cara de velharia. Mas se ele próprio preferiu passar adiante o computador com o qual não se adaptou, não deixou de reconhecer imediatamente no milionário saudita Osama Bin Laden, que abusa da tecnologia para atuar no mercado financeiro e para manter de pé sua rede de operações, o arauto de um novo terrorismo globalizado e a personificação do século XXI conforme o sociólogo norte-americano Samuel Huntington previu há dez anos: embate entre culturas e civilizações, de Estados envolvidos em conflitos com organizações mais do que contra outros Estados.

Na USP, Oliveira participa do Gacint (Grupo de Análise de Conjuntura Internacional), órgão ligado à Comissão de Cooperação Intelectual da reitoria da universidade), cuja reunião sobre Ásia Central, no próximo dia 3 (aberta ao público), ganhou inesperada atualidade. “A Ásia Central acabou por se tornar a centralidade do mundo”, disse Oliveira. A crise forçou os três expositores da reunião a rever suas apresentações. Além de Oliveira, serão expositores o economista Christian Lohbauer e o sociólogo Samuel Feldberg.

Em entrevista ao Diário, Oliveira falou com opinião sobre o conflito árabe-israelense (serviu em Israel, Líbano, Egito e Marrocos), fundo dos atentados nos Estados Unidos. Não compreender parte do conflito cultural entre mundo muçulmano e Estados Unidos pode, diz, precipitar o mundo em uma situação bem mais crítica do que a atual.

Confira a entrevista




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