O Santo Padre deixou Israel com destino a Roma pouco antes das 19h30 locais (17h30 GMT).

Numa atitude sem precedentes, Joao Paulo II foi domingo ao Muro das Lamentaçoes, o lugar mais sagrado dos judeus, e pediu humildemente o perdao de Deus pelos sofrimentos infligidos aos judeus pelos cristaos, ao longo da história. Foi a primeira visita de um papa a este lugar, considerado o coraçao do judaísmo.

O pedido de perdao divino estava contido numa oraçao escrita em inglês num pedaço de papel que o Santo Padre depositou pessoalmente numa fenda do muro. "Deus de nossos pais, Tu escolheste Abrao e os descendentes para levar Teu nome às naçoes: estamos profundamente entristecidos pelo comportamento dos que, no transcurso da História, fizeram sofrer Teus filhos e pedimos Teu perdao", dizia a mensagem.

É o mesmo testo do "mea-culpa" pronunciado pelo papa dia 12 de março passado pelas faltas cometidas pela Igreja Católica ao longo de seus 2.000 anos de história; mas o fato de Joao Paulo II ter ido pessoalmente depositar o pedido no Muro, que chegou a tocar com a mao, deu-lhe uma dimensao e uma carga emocional inusitada.

A mensagem foi levada pouco depois para Yad Vashem, o monumento do Holocausto, onde será exposto.

Antes ir ao Muro das Lamentaçoes, o Santo Padre foi recebido por dignitários muçulmanos palestinos na Esplanada das Mesquitas, sede do terceiro lugar santo do isla.

No momento em que chegou, milhares de bolas de gás com a bandeira palestina amarrada elevou-se lentamente aos céus, acima da cidade velha, testemunho simbólico das reivindicaçoes palestinas sobre Jerusalém Leste, a parte árabe da cidade santa, conquistada e anexada em 1967 por Israel, mas que os palestinos querem transformar na capital de seu futuro Estado.

O papa foi recebido ante o domo da Rocha pelo grande mufti de Jerusalém Ekrima Sabri, e também por Faysal Husseini, principal responsável da Autoridade Palestina em Jerusalém, em sua qualidade de membro do Alto Comitê Islâmico.