Internacional Titulo
Acidentes com submarinos russos ainda sao mistério
Do Diário do Grande ABC
31/08/2000 | 10:47
Compartilhar notícia


O submarino atômico russo ``Kursk' provavelmente vai ocultar para sempre as causas que provocaram seu afundamento e a morte dos 118 tripulantes, como aconteceu com a catástrofe do submarino soviético ``K-131', onde um misterioso incêndio matou 13 marinheiros em 1984.

Em 18 de junho de 1984, 13 submarinistas foram queimados vivos a bordo do ``K-131', quando a embarcaçao nuclear, com mais de 100 pessoas a bordo, navegava a 150 metros de profundidade no mar da Noruega.

O ``K-131' se dirigia a Vidiayevo, seu porto de matrícula, no mar de Barents, depois de uma missao de 62 das no Mediterrâneo, onde vigiava um porta-avioes americano.

``As 09h30 da manha recebemos um sinal de alarme e ouvimos gritos provenientes do compartmento número 8', recorda o capitao de navio Alexei Efremov, membro da tripulaçao do ``K-131'.

Segundo ele, o incêndio começou de maneira completamente ``misteriosa'. ``O cabelo e a roupa do suboficial Valentin Trubitsyn, que se encontrava no compartimento 8, subitamente arderam em chamas', relata o capitao Efremov. ``Trubitsyn se debatia no compartimento para tentar apagar as chamas e o fogo alcançou outros dois membros da tripulaçao', prosseguiu.

Os submarinistas que ardiam em chamas precipitaram para o sétimo compartimento, onde, por sua vez, havia outros marinheiros que foram alcançados pelo fogo. Todos batiam na porta do compartimento vizinho, suplicando por ajuda, mas um suboficial que se encontrava no outro lado da porta nao cedeu aos apelos.

Confrontado com uma difícil opçao, o suboficial compreendeu que os quarenta oficiais que se encontravam do seu lado também corriam o risco de morrer queimados caso abrisse a porta.

``O que mais surpreende é que o fogo escolhia minuciosamente suas vítimas. Deformou as estantes metálicas dentro do submarino, mas nao atingiu os documentos', afirmou o capitao Efremov. ``O fogo perseguia apenas os homens', concluiu.

O submarino foi para a superfície e o incêndio foi extinguido. Treze mortos e três feridos graves foram evacuados rapidamente por um helicóptero.

A investigaçao dirigida pelo Estado Maior da frota militar soviética acusou a tripulaçao de negligência. A composiçao do ar que os marinheiros deviam controlar continha, segundo os investigadores, um índice muito elevado de oxigênio.

Trubitsyne foi considerado responsável. Ele teria provocado o incêndio ao utilizar um esmeril elétrico com o qual fabricava peças em metal. Os membros da tripulaçao foram tratados com ``criminosos' e degradados.

Seis anos depois do acidente, a investigaçao foi reaberta pela promotoria militar da Frota do Norte e contradisse todas as conclusoes às quais se havia chegado anteriormente. O índice de oxigênio nao superava a norma e Trubitsyn nao utilizava seu amolador no dia do acidente, segundo novos testemunhos.

Os especialistas afirmaram ser incapazes de determinar as verdadeiras razoes do acidente. ``Também nao puderam explicar inúmeros casos de luminosidade e de relâmpagos esféricos que os marinheiros haviam observado a bordo do submarino', destacou Efremov.

Depois deste incêndio, jamais evocado até agora pela imprensa, o ``K-131' prosseguiu seu serviço na frota russa, sem que as causas do sinistro fossem determinadas.

O mistério com esse submarino jamais foi esclarecido, e a mesma coisa pode acontecer com o ``Kursk', acidentado em 12 de agosto no mar de Barents, mesmo que os restos, que jazem a 108 metros de profundidade, sejam resgatados um dia.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;