Economia Titulo Importações e exportações
Região fecha saldo comercial no negativo, em US$ 193,3 milhões

Número do primeiro quadrimestre de 2019 é o pior em quatro anos e reflete a crise econômica argentina

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
10/05/2019 | 07:26
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Divulgação


Depois de quatro anos consecutivos fechando no azul, a balança comercial do Grande ABC no primeiro quadrimestre voltou a fechar com saldo negativo (menos US$ 193,35 milhões), ou seja, as importações superaram as exportações. O motivo foi a crise na Argentina, uma das principais parceiras comerciais do Brasil e do Grande ABC, que impactou negativamente nas exportações. Somente na região, as operações destinadas ao país vizinho tiveram redução de 65,8% em relação ao mesmo período do ano passado, o que significa a perda de aproximadamente US$ 491,4 milhões.

De acordo com os dados do Ministério da Economia, levantados pelo Diário, as vendas da região destinadas a outros países representaram US$ 1,2 bilhão, queda de 37,1%, ou cerca de US$ 726 milhões a menos, nos quatro primeiros meses deste ano em comparação com o mesmo período de 2018. Apenas a Argentina representou 67% de toda a retração. As importações também foram reduzidas e tiveram queda de 10,62%, passando de US$ 1,5 bilhão em 2018 para US$ 1,4 bilhão em 2019 (veja mais na arte ao lado).

Desde 2018, a situação econômica no país vizinho é turbulenta. Este ano, o problema ainda se agrava tendo em vista as eleições presidenciais previstas para outubro. As pesquisas mostram cenário polarizado entre o atual presidente, Mauricio Macri, e sua antecessora, Cristina Kirchner, que lidera as intenções de voto. Somado com a baixa recuperação da economia brasileira, o cenário está longe de ser um dos melhores, avaliam especialistas.

Para o economista e coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, a busca por novos parceiros comerciais é importante, porém, o caminho não é fácil.

“Esta busca requer tempo e trabalho. No caso da Argentina existe a proximidade regional e cultural, que está consolidada há décadas, de modo que não é muito fácil encontrar alternativas. Para isso, seria interessante um Ministério das Relações Exteriores bem articulado, mas no momento ele aparentemente está buscando mais um alinhamento ideológico com os países do que realmente parceiros que interessam comercialmente”, afirmou o professor, destacando que a busca por mercados da Europa “é interessante”.

O diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) Diadema, Anuar Dequech Júnior, disse que a busca pode levar, na média, até um ano. “Amarga-se um bom tempo com prejuízo e depois o empresário vai se virando para achar alguém. Infelizmente é essa a situação, mas é preciso navegar no meio disso.”

“Se a gente falar da indústria de pequeno e médio portes, não há saída. Isso porque ela não tem controle sobre o mercado de exportação nem recursos para essa busca, então fica num compasso de espera”, disse o diretor do Ciesp Santo André – também abrange Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra – Norberto Perrella, que pontuou que não existe mais grande otimismo do empresariado em relação à economia interna, como no início do ano. “As pessoas começam a cair na realidade de que não basta só o governo ter boa vontade, tem muita coisa jogando contra”, afirmou.

Conforme o diretor do Ciesp São Bernardo Cláudio Barberini Junior, a parceria com a Argentina na região é importante por causa da indústria automotiva. “Praticamente todas as montadoras presentes aqui têm plantas lá também. Então, elas precisam gerar negócios na região”, afirmou.

Mesmo assim, segundo ele, as empresas vêm procurando alternativas. “Temos o Chile, que está bem, mas é um país muito pequeno. Por mais que compre bem, não consegue substituir a importância comercial de uma Argentina. Para isso precisávamos de 20 Chiles”, destacou.
 




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