Em entrevista à BBC Brasil, FHC disse que Lula não deve retomar programas sociais “assistencialistas”, como o “Combate à Fome”, apresentado pelo petista. Segundo o presidente, não faz sentido que o próximo governo adote “programas que já não existem” no país e que é preciso aprofundar iniciativas sociais já lançadas por ele, como o caso da reforma agrária.
O presidente negou que o problema do Brasil seja a fome e sim “a subnutrição”. “Não existe esse fenômeno de gente morrendo de fome no Brasil. Existia fome quando havia seca e quando não havia programas compensatórios. Hoje já existem”, disse. Apesar disso, FHC não quis classificar o programa de combate à fome do PT como instrumento de marketing, e sim como uma forma de Lula “chamar a atenção para a área social”.
FHC lembrou que Lula “precisa tomar cuidado com a inflação”. “Não se pode gastar mais do que é possível extrair. Existe a situação internacional, que não está sob controle do governo. Se houver controle dos gastos públicos e se não houver uma disparada crescente do dólar, a inflação não volta”, disse. Ele alertou também para que o novo governo cumpra os acordos com o FMI, porque senão, “a alternativa é a Argentina”.
Entre outros desafios para o novo governo, FHC disse que o maior problema para diminuir as taxas de juros e a inflação é o déficit público. O presidente disse que, caso Lula tente a reforma da Previdência, terá seu apoio. Ele aproveitou para criticar a atuação do PT durante seu governo. “Não vou fazer o que o PT fez: votar contra”, disse.
Combustíveis - Durante visita à cidade inglesa de Oxford, Fernando Henrique respondeu a cerca de 3 mil perguntas de internautas e ouvintes recebidas pela BBC. Questionado sobre o aumento do preço dos combustíveis após as eleições, ele disse que o reajuste não se deu antes para evitar o momento de “nervosismo” econômico.
“Com o fim do processo eleitoral, o dólar baixou. Isso permitiu que a Petrobras, em vez de dar um aumento mais elevado em um momento de nervosismo, esperasse que houvesse uma diminuição dessa pressão para ajustar o preço”. FHC reafirmou que o governo não decide mais sobre o reajuste dos combustíveis, e que a decisão cabe à Petrobras, que é influenciada “pelo mercado”.
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