Depois de problemas com cor escura, população relata falta de água há uma semana em bairros de Santo André
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Após sofrer com água escura, moradores de Santo André reclamam de torneiras secas há quase uma semana. A população cobra esclarecimentos do poder público sobre a situação, que tem causado desde dificuldades para suprir as necessidades do dia a dia até prejuízos financeiros, com a perda de clientes. Especialista em direito do consumidor observa que as pessoas devem guardar protocolos e comprovantes para exigir seus direitos junto às companhias de abastecimento.
O Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) alega que o problema na cidade é fruto da redução do envio de água pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). A empresa estadual, por sua vez, observa que a ETA (Estação de Tratamento de Água) Rio Grande está voltando gradativamente à sua capacidade total de produção, após o processo de tratamento da água turva. A expectativa é a de normalização da distribuição de água na rede de abastecimento nos próximos dias.
A secretária Sandra Robles, 56 anos, diz que a falta de água estava ontem no quinto dia na Rua Juquiá, Vila Assunção. Ela diz, ainda, que o cheiro continua forte. “Estou sofrendo para lavar louça, roupa e fazer comida. Precisei comprar água no mercado para suprir essa falta”, ressalta. Ela disse que tentou contatar o Semasa, mas não houve previsão para regularizar o problema.
Já a cabeleireira Gisele Capelli, 34, relata que precisou desmarcar clientes por conta das torneiras secas. “Quando liguei no Semasa, descobri que minha água tinha acabado na quinta-feira passada e só descobri no sábado, com o salão cheio. Tive muito prejuízo”, lamenta.
Advogado especialista em direito do consumidor de Santo André, Jairo Geraldo pontua que o fornecimento de água precisa ser eficiente por ser essencial. “A falta de água continuada gera uma grande falha nos direitos do consumidor. É fundamental que os moradores utilizem todos os meios de reclamação para conseguirem respaldo, além de guardar todo o acervo de protocolos e chamadas de contatos que fizerem com as companhias”, observa.
PROBLEMA
Devido às fortes chuvas ocorridas em março e abril houve extravasamento da Represa Rio Grande (onde há a captação de água) para a Represa Billings, o que provocou alteração brusca e substancial na característica da água do manancial utilizado para tratamento. Principalmente a quantidade de ferro, manganês e o nível de cor da água bruta atingiram valores inéditos na história do manancial. A ETA Rio Grande produz 5.500 litros de água por segundo, abastecendo 1,5 milhão de pessoas nas cidades de São Bernardo, Diadema e parte de Santo André.
A Sabesp e o Semasa se comprometeram a conceder descontos aos clientes do Grande ABC que têm recebido água escura. A Sabesp informou que não vai cobrar dos clientes afetados a água consumida entre os dias 17 e 25 de abril nas cidades abastecidas pelo sistema. Os moradores devem solicitar o benefício por meio do telefone 0800 0119911. A empresa avaliará o caso para conceder a isenção nas contas geradas entre 25 de abril e 24 de maio. Já em Santo André os moradores podem pedir desconto em um dos postos do Semasa com a conta de abril.
Acordo com a Sabesp visa resolver falhas no município
Depois de concretizar termo de protocolo de intenções, o prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), afirmou que irá propor à Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) investimento da ordem até R$ 700 milhões para modernizar a rede de distribuição de água da cidade. Segundo o tucano, o equipamento antigo é o principal gerador de perda de água, com vazamentos que desperdiçam cerca de 42% do volume adquirido por metro cúbico no atacado da própria empresa estatal.
O governo, por meio do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), avalia que o montante necessário para realizar a reforma da rede deve variar de R$ 500 milhões a R$ 700 milhões. Esse item tende a integrar a lista de pleitos do Paço para encaminhar acordo com a Sabesp, que cobra dívida de R$ 3,4 bilhões do munícipio – quantia referente à diferença do valor da tarifa em relação ao que foi efetivamente quitado.
Paulo Serra pontuou que há necessidade de investimento na tubulação da cidade para que se possa garantir a qualidade do abastecimento. Santo André tem sofrido com períodos de falta d’água.
O problema havia diminuído, mas voltou à tona no início do verão deste ano. Por isso, a ideia do prefeito é a de incluir esse debate nas tratativas com a Sabesp. “A falta de água está ligada a perdas e nós perdemos 42% da água (na rede). E não se pode aumentar a pressão, pois a água vaza. Nossa rede é antiga”, alegou o tucano.
O passivo contraído, que se arrasta desde a década de 1990, é um dos principais fatores que influenciam a falta de investimentos nas tubulações. Essa dívida inviabilizou os investimentos nos últimos 20 anos, então, não se investiu na rede”, destacou o prefeito.
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