O denso universo perscrutador da escritora britânica Virginia Woolf (1882-1941) ganha textura, corpo e som com a estreia de Violetas Murchas ou Qualquer Coisa que a Senhora Quiser, com direção e coreografia de Sônia Lopes Soares.

Integrando linguagens, o espetáculo inspira-se no jeito particular da escritora de observar e analisar o mundo ao redor e sua relação com ele. "Virginia pega as raízes mais íntimas do mundo interior, mas sem dramatizar. Ela nos mostra o quanto somos efêmeros. O mundo dela nos deixa claro que não existe causa e consequência, mas acontecimentos", revela Sônia.

"Pesquisamos muito a sutileza do corpo, fizemos aulas com exercícios somáticos", conta a diretora, sobre o processo de confecção da coreografia.

A busca parte de uma caixa, que no começo seria um espaço móvel e em seguida virou uma instalação. "O público fica mais próximo, dentro dessa atmosfera", diz.

Como em As Ondas, um dos livros que inspirou Violetas..., a busca é de identificação e adequação. "No livro, os personagens vivem um monólogo incessante na busca do que os transcendam. É a fuga do lugar destes pequenos mundos que nos aprisionam e nos tornam mais seguros".

O ‘qualquer coisa que a senhora quiser' do título serve para que não se limite essa busca, tão particular. "É um lugar que a gente pode multiplicar com o olhar. Como uma ação, que tem milhões de possibilidades, tudo está aberto para que outros arranjos se tornem possíveis".

Sônia, fundadora do Viga Espaço Cênico, na Capital, já participou da Cia de Danças de Diadema. "Na época trabalhava com o Sandro Borelli, até que surgiu o convite da Ivonice Satie. Integrei o primeiro elenco da companhia e montamos o espetáculo Pierrot de Veias. Logo eu saí, em busca de formar meu próprio grupo", relembra.

Violetas Murchas ou Qualquer Coisa que a Senhora Quiser - Dança. No Viga Espaço Cênico - Rua Capote Valente, 1.323, São Paulo. Tel.: 3801-1843. 6ª e sáb., às 21h; dom., às 17h e às 20h. Ingr.: R$ 5. Até 5 de setembro.