O estudante Gustavo Teles Gonçalves, 15 anos, sofreu morte cerebral na noite de domingo após ser baleado na cabeça durante uma briga entre torcedores do Cruzeiro e Atlético-MG depois do clássico realizado na noite do último sábado, no Mineirão. O Hospital Pronto-Socorro João XXIII, onde Gustavo permanecia internado, confirmou na manhã desta segunda a morte cerebral do estudante. Até o início da tarde, o autor do tiro que matou o adolescente não havia sido identificado e nenhum suspeito tinha sido preso.

De acordo com a Polícia Militar e relato de testemunhas, Gustavo retornava de ônibus do estádio com o irmão Bernardo Teles, 18 anos, e um grupo de seis amigos. Por volta das 23h30, eles desceram na região central da cidade e caminhavam pela avenida Olegário Maciel quando um outro grupo, formado por aproximadamente 20 torcedores da organizada Galoucura, passou a atirar pedras em um coletivo onde estariam integrantes da Máfia Azul – a maior torcida organizada do Cruzeiro.

Uma das pedras quebrou o vidro da porta traseira do ônibus e um rojão foi solto em direção ao veículo. Foi nesse momento que um homem sacou a arma e deu pelo menos seis tiros em direção ao grupo de torcedores atleticanos. Um dos disparos atingiu Gustavo na cabeça.

Fuga – Durante o tumulto, o autor dos tiros fugiu sem ser identificado. A PM recolheu a fita de vídeo da câmera instalada dentro do coletivo, que foi encaminhada à Divisão de Crimes Contra a Vida (DCcV) da Polícia Civil e será usada na tentativa de identificá-lo.

O coordenador do plantão médico do HPS João XXIII, José Arimatéia Fonseca, disse que a bala transfixou o cérebro de Gustavo, o que impediu que os médicos realizassem uma cirurgia reparadora. O hospital informou que a família do estudante decidiu doar todos os seus órgãos.

Esta é a segunda vítima fatal em três meses durante confronto entre as torcidas rivais. No dia 11 de abril, o cruzeirense Francisco Agnaldo Felício, 24 anos, foi espancado e morto com golpes de barra de ferro na cabeça quando o torcedores entraram em confronto horas antes do clássico mineiro em uma estação de ônibus na região norte da cidade.

O governador Aécio Neves considerou "absolutamente lamentável" a morte do estudante. "É algo absolutamente lamentável, e o Estado vai, dentro de todos os limites, dentro das condições que tem, buscar investigar, enfim, fazer o que é possível para que se inibam atos como esse", disse.