Nacional Titulo
PT nao liga crime à atuaçao de prefeita junto ao MST
Do Diário do Grande ABC
31/10/1999 | 18:49
Compartilhar notícia


Dois delegados e seis agentes da Polícia Federal já estao investigando a morte da prefeita de Mundo Novo (MS), Maria Dorcelina (PT), que vinha fazendo denúncias contra grupos ligados ao narcotráfico, tráfico de crianças na fronteira da cidade com o Paraguai e era militante do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) no Estado. A prefeita foi assassinada na noite de sábado com seis tiros, disparados por um pistoleiro, ainda nao identificado.

O líder da bancada do partido na Câmara, deputado José Genoíno, vai pedir na próxima quarta-feira ao ministro da Justiça, José Carlos Dias, que determine uma operaçao de combate ao narcotráfico nas fronteiras. O presidente da Comissao de Direitos Humanos da Câmara, deputado Nilmário Miranda (PT-MG), irá pedir à CPI do Narcotráfico que investigue o contrabando e o comércio ilegal de drogas na regiao.

A morte da prefeita, de 36 anos, mobilizou a populaçao local o governador do Mato Grosso do Sul, José Orcírio dos Santos, o Zeca do PT, e os líderes do PT, entre os quais o presidente de honra do partido, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente nacional da legenda, José Dirceu.

Ex-sem-terra e portadora de deficiência física, Maria Dorcelina foi eleita em 1996 tendo com plataforma política a necessidade de uma ofensiva da Polícia Federal para acabar com a máfia do narcotráfico na regiao. Desde que foi eleita, a prefeita vinha recebendo ameaças de morte e estava sob proteçao policial.

Na noite de sábado, Maria Dorcelina estava em casa com o marido e as duas filhas. Segundo o deputado Ben-Hur Ferreira (PT-MS), que estava neste domingo no velório, a prefeita foi atingida pelas costas quando estava sentada em uma cadeira numa área dos fundos de sua residência por volta das 23h. O parlamentar contou que um pistoleiro disparou pelo menos oito tiros de um muro de uma casa vizinha desabitada a cerca de 2,5 metros do local onde estava a prefeita.

Tráfico - "A filha mais velha presenciou o assassinato da mae, que morreu na hora", disse Ben-Hur, que foi à cidade representando a bancada parlamentar na Câmara. Cleber, o marido da prefeita, estava dentro da casa cuidando da filha mais nova, de quatro anos, e conversando com um guarda da casa. José Dirceu disse que os policiais civis que estavam neste domingo na cidade investigando o crime já trabalham com duas hipóteses para o assassinato: açao de grupos de tráfico de drogas e disputa política na regiao.

"A prefeita era muito querida na cidade e estava com mais de 80% de aprovaçao nas pesquisas para a sua reeleiçao em 2000" disse Dirceu.

"Esse crime nao pode ficar impune e há todos os indícios de crime praticado por um pistoleiro profissional", afirmou o dirigente do PT.

Na última segunda-feira, Dorcelina foi destaque no programa do horário eleitoral gratuito do PT no Estado apresentando suas obras, entre elas as ligadas à agricultura familiar.

Na avaliaçao de Dirceu, nao há vinculaçao do crime com a participaçao da prefeita na luta do Movimento dos Sem-Terra (MST). "Há pouco tempo, o MST comandou uma ocupaçao de terra próxima à cidade, mas nao houve nenhum conflito", afirmou o dirigente petista. Bandeiras do PT e do MST foram postas sobre o caixao da prefeita. O corpo de Maria Dorcelina está sendo velado no ginásio de esportes da cidade e o enterro será nesta segunda-feira (01), às 10h.

O crime está sendo apurado pela PF mas, segundo informaçoes do gabinete do governador Zeca do PT, as polícias Civil e Militar também estao acompanhando o caso. O ministro da Justiça, José Carlos Dias, foi avisado da morte da prefeita pelo presidente da Comissao de Direitos Humanos da Câmara, Nilmário Miranda (PT-MG). A primeira hipótese levantada pela PF é que o crime tenha relaçao com as denúncias da prefeita sobre o tráfico de drogas e crianças na fronteira.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;