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Aposentadoria insuficiente faz região 'perder' 96 mil vagas
Michele Loureiro
Do Diário do Grande ABC
26/04/2009 | 07:10
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A necessidade de permanecer no mercado de trabalho, mesmo depois de conseguir a aposentadoria, faz com que cerca de 96 mil vagas sejam ‘perdidas' no Grande ABC. Levantamento feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que 40% dos aposentados continuam trabalhando.

Segundo o diretor de finanças do Sindicato Nacional dos Aposentados, Marcos Bulgarelli, as condições dos trabalhadores do País, depois que começam a receber do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), não permitem que o benefício seja a única fonte de renda. "São salários baixos que não conseguem dar conta de manter o padrão de vida anterior. Por isso, o cidadão precisa continuar atuando no mercado de trabalho e acaba ‘tirando' vagas de quem precisa ingressar", explicou.

No País, há cerca de 26 milhões de aposentados. "Se as condições fossem dignas, esses 40% não retornariam ao trabalho e cerca de 10 milhões de vagas estariam disponíveis no Brasil", afirmou Bulgarelli.

REGIÃO - Dados do INSS referentes ao mês de março revelam que no Grande ABC há 240.293 aposentados. O que representa cerca de 10% da população das sete cidades. O gasto mensal com o pagamento dos benefícios atinge a casa dos R$ 264 milhões em março.

São Caetano é o município que tem mais pessoas nessa condição proporcionalmente ao número de habitantes. De cada cinco moradores, um recebe o benefício da Previdência Social. Santo André é a campeã em aposentados, com 77.375 beneficiados.

Os 96 mil postos de trabalho preenchidos com aposentado ‘perdidos' da região não são fáceis de serem conquistados. O ex-metalúrgico João Alfredo Figueira, 62, é um exemplo disso. Ele ficou três anos e meio em casa depois de passar a receber do INSS. "É muito difícil voltar a trabalhar", destacou.

Há três meses, Figueira trabalha na Pizza Hut do Shopping ABC, em Santo André. Ele e mais três aposentados auxiliam no atendimento ao público e trabalham cerca de seis horas diárias. Veterano da turma, Laércio Miquenino, 65, admite que é um complemento de renda. "Mas o bem-estar de ser útil é indescritível".

Para José Pedro de Medeiros, 63, o trabalho ajuda a manter o padrão de vida de antes de receber o benefício da Previdência. "É impossível viver apenas com a renda da aposentadoria".




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