Os mortos foram os líderes do movimento e, entre eles, está José Carlos Nascimento, o JC, que faria parte do Primeiro Comando da Capital — facção criminosa que comandou rebeliões simultâneas em 29 presídios de São Paulo. Logo após o fim da rebelião, por volta de 9h, informações extra-oficiais davam conta de que o número de vítimas poderia chegar a 15, mas a Secretaria de Segurança do Estado de Mato Grosso confirmou seis mortes.
Em nota oficial, a Secretaria informa que os detentos mortos foram vítimas da "cobrança", uma das leis impostas entre os próprios presos que cobra com a morte danos causados a familiares durante visita. JC foi decapitado, e seu corpo foi deixado na porta do presídio durante a madrugada, assim como os dos outros cinco mortos: Jeferson Ricardo Alves, Juliano Albuquerque da Silva Valdenilson Soares Botelho, Charles Augusto Oliveira e Daniel Sebastião Lemos.
De acordo com a polícia, o suposto líder do PCC queria aparecer no programa Domingo Legal, no SBT, para divulgar as reivindicações dos rebelados, o que causou revolta entre os demais presos. O criminoso havia sido transferido de Curitiba (PR) para Cuiabá havia oito meses. Ele fazia parte do grupo que seqüestrou o músico Wellington Camargo, irmão dos integrantes da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, em 1998.
Entre as reivindicações dos detentos estava a saída do diretor do presídio, acusado de maus-tratos, e a transferência dos líderes do movimento para outras unidades prisionais. O presídio de Carumbé tem capacidade para abrigar 180 internos, mas, antes do motim, possuía 380.
A rebelião começou por volta de 14h de quinta-feira, durante o horário de visitas. Entre os reféns estavam crianças, mulheres grávidas, idosos e agentes carcerários. Uma das estratégias adotadas pela Polícia Militar para render os amotinados foi o corte do fornecimento de luz, água e alimentos.
Na Sexta-Feira Santa, os presos atearam fogo em colchões e fizeram um churrasco em protesto contra a suspensão de energia elétrica. No sábado, a água chegou a ser liberada e a energia restabelecida, numa tentativa de fazer com que os detentos desistissem do movimento. Além disso, a polícia havia se comprometido a retirar do presídio dos líderes do movimento, exigência para o fim da rebelião. Mesmo assim, os detentos prosseguiram com o motim.
Nos últimos 14 meses, a disputa entre facções em Mato Grosso já causou a morte de 38 presos.
Reféns - No início do motim, 163 pessoas (107 mulheres, sete homens, 45 crianças e os quatro carcereiros) foram tomadas como reféns pelos presos. Dezesseis foram libertadas logo na quinta-feira. As demais foram soltas após as negociações na manhã deste domingo.
Segundo a Secretaria de Segurança do Mato Grosso, todos os reféns passaram por uma triagem médica.
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