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Juliano diz ser alívio deixar presidência
Mark Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
23/12/2010 | 09:23
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Nos dois últimos anos, o presidente da Câmara de Santo André, Sargento Juliano (PMDB), colecionou críticas dos colegas de Casa. A maioria relacionada ao mau andamento das sessões, muitas vezes improdutivas. Mas o que realmente desagradou o peemedebista foram as tentativas de oposicionistas de condenar as contas de sua gestão, que terminará em fevereiro.

Nos últimos meses já dava sinais de irritação, mas não apontava nomes. Ontem, contudo, foi enfático ao afirmar que o descontentamento maior é com José Montoro Filho, o Montorinho, líder do PT. "De tudo ele reclama. Deveria cuidar um pouco mais da vida dele."

Segundo Juliano, Montorinho passou os dois últimos anos vasculhando contratos e licitações da Câmara para tentar encontrar algo que o desabonasse. "Procurou pelo em ovo, não encontrou, e ficou frustrado. Pode vasculhar minha vida inteira que não vai achar nada. Sou limpo."

Por conta de situações como esta, o peemedebista descarta voltar ao comando da mesa diretora. "Considero ter feito bom trabalho, mas saio bronqueado porque alguns vereadores tentaram me atrapalhar. Não volto à presidência de jeito nenhum", afirma, ao justificar. "Só me desgastei, tive aborrecimentos, encheção de saco e cobranças. É um alívio deixar a presidência. Tiro um peso das minhas costas."

O desabafo do presidente é também em virtude de, no passado, ele e o líder petista terem ostentado boa relação, o que mudou tão logo assumiu o comando do Legislativo, há dois anos. Em 2006, Juliano trabalhou pela eleição de Montorinho à presidência.

"Conversei até com o João (Avamileno, prefeito na época) e disse que o Montorinho merecia ser o presidente, mas ele nunca reconheceu isso. Quando assumi, passou meses sem sequer me cumprimentar. Não pedia nem a palavra na tribuna para não falar comigo. Tentou me derrubar desde a eleição que venci e hoje me tem como inimigo", analisa.

Outro integrante da bancada do PT que o chateou foi Jurandir Gallo. "Ele disse que eu queria criar uma enfermaria na Câmara, quando na verdade discuti apenas a contratação de uma enfermeira. Falou besteira."

A enfermeira não foi contratada e a Casa não possui ambulância de plantão. "Somos 21 vereadores e mais 300 funcionários que vivem no limite do estresse. Tem vereador que toma comprimido o tempo todo e há casos em que pode ter mal súbito no plenário", argumenta, ao defender sua proposta.

 Petista mostra-se chateado  com assessoria do ‘amigo'

Ao tomar conhecimento das fortes declarações de Sargento Juliano, Montorinho rebateu e ironizou as falas. "Não estou vasculhando nada até porque a Câmara não firmou grandes contratos nos últimos dois anos. O Juliano só tocou o dia a dia", salientou o líder da bancada petista.

Na resposta, Montorinho tentou deixar claro que não possui divergências pessoais com o presidente, a quem classificou de "vereador bom e sério", mas sim com as pessoas que o cercam. Para embasar seu posicionamento, atentou para a "relação distante" da presidência com os funcionários da Câmara nos últimos dois anos.

O petista rechaçou ser inimigo do peemedebista. "Não quero brigar com ele. O Juliano é meu amigo, mas montou assessoria fraca", analisa.

O descontentamento de Montorinho com a equipe do colega se dá prioritariamente pela assessoria jurídica da presidência ter perdido o prazo para recorrer de sentença do TCE (Tribunal de Contas do Estado), que julgou irregulares as finanças da Câmara de 2007, ano em que o petista presidiu a Casa.

"Isso é grave. Jamais poderia acontecer. Quando fui presidente, tratei esta questão com o maior rigor", comparou. "Isso me chateou, mas pessoalmente não tenho nada contra o Juliano", reiterou.

Outro ponto destacado por Montorinho foi comunicado assinado por Juliano proibindo os servidores de circularem pelos corredores no dia da sessão que definiu José de Araújo (PMDB) presidente para o próximo biênio. "Aquilo não partiu da cabeça dele, mas sim da assessoria." O ato foi considerado censura pelos pares.




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