Gato na luz, na televisão a cabo, desvio na ligação de água etc. São várias as artimanhas utilizadas por muitos brasileiros para contar com determinados serviços sem ter de pagar por eles ou, se possível, custear o mínimo necessário. E os beneficiados, é bom destacar, nem sempre são pessoas em dificuldades financeiras ou sem condição alguma de usufruir dos mesmos.

No caso de furtos de energia elétrica, por exemplo, o Grande ABC registra em média três ocorrências por dia, segundo levantamento feito por este Diário junto à Enel, concessionária responsável pelo sistema, e publicado nesta edição. Foram flagrados 1.351 gatos na rede das sete cidades em 2018.

É importante destacar que o resultado representa queda de 11% em relação aos números de 2017, com 1.534 casos. Mas as ligações clandestinas seguem em alta na região, tendo em vista que apenas em janeiro deste ano já foram computadas 149 ocorrências e, se a média for mantida no restante da temporada, serão ao menos 1.639 até o fim de dezembro.

Os gatunos não se dão conta dos problemas originados por tamanha irresponsabilidade. Além dos riscos de vida a quem manuseia a rede elétrica, a prática irregular pode causar curtos-circuitos no sistema, o que ocasionaria a interrupção do fornecimento de emergia, queima de aparelhos eletrodomésticos e até incêndios. Isso sem contar a queda de qualidade do serviço prestado pela distribuidora e que a tarifa pode ficar mais cara aos consumidores cuja energia é roubada. Importante dizer que o gato configura crime, com pena de até oito anos de prisão.

Mais do que isso é essencial que as pessoas tenham consciência do péssimo exemplo passado com tais procedimentos ilegais. Afinal de contas, de nada adiante agir de maneira tão irresponsável e depois cobrar transparência, honestidade e seriedade dos demais cidadãos, entre eles nossos governantes, bastante criticados e responsabilizados praticamente por tudo de errado que ocorre no País. O exemplo tem de vir de baixo. Fica a lição.