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Resfriamento salva vítimas de paradas cardíacas
26/06/2010 | 08:19
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Técnica que permite o resfriamento do corpo em até 5°C é utilizada em hospitais de São Paulo para diminuir o risco de sequelas em vítimas de paradas cardíacas. A cada dez pacientes tratados com o novo método no Hospital Municipal Doutor Moysés Deutsch, no M'Boi Mirim, Zona Sul da Capital, pelo menos oito recuperaram totalmente a consciência e tiveram alta. Nos casos em que o procedimento não foi utilizado, de 60% a 90% das vítimas morreram. Dos sobreviventes, 80% tiveram sequelas.

O sistema é adotado desde 2008 no local.

A parada cardíaca interrompe repentinamente o bombeamento de sangue, líquido que leva oxigênio para o resto do organismo.

O alto número de mortes está relacionado à ausência de oxigênio no cérebro e ao gasto excessivo de energia por parte das células. Os neurônios morrem quando ficam sem oxigênio por mais de três minutos, o que pode provocar danos irreversíveis a atividades cerebrais e motoras do paciente.

Esses sintomas podem ser evitados abaixando a temperatura do corpo de 37 °C para 32 °C, o que implica numa diminuição do metabolismo do cérebro em 30%, segundo o coordenador da UTI do Hospital do M'Boi Mirim, administrado pelo Hospital Albert Einstein, Antonio Cláudio Baruzzi. A redução de 5 °C só pode ser feita depois que o paciente recuperar os batimentos cardíacos.

Bolsas de gelo são colocadas sobre pescoço, axilas e virilha. Soro gelado pode ser aplicado no doente. "É um procedimento barato que pode salvar vidas. Antes dele, vítimas de parada cardíaca morriam ou ficavam em estado vegetativo", diz Baruzzi.

O paciente é mantido sedado e resfriado na UTI por 24 horas. Após uma análise médica, é iniciado o processo de aquecimento.

Gerente médico da UTI do Hospital Sírio-Libanês, Guilherme Schettino lembra que nem toda vítima de parada cardíaca pode ser submetida à hipotermia. "Usamos apenas quando a pessoa apresenta alguma disfunção neurológica, como diminuição de consciência ou coma", explica o cardiologista.

O Incor (Instituto do Coração) e o Hospital do Coração informaram que a hipotermia terapêutica é utilizada "apenas em casos específicos", como cirurgias do coração. A técnica, estudada no Exterior há 20 anos, pode entrar para o protocolo de atendimento em casos de parada cardíaca a partir de outubro, quando será discutida pela Sociedade Internacional de Cardiologia.




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