Estimativa da subseção do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) do SMABC (Sindicato dos Metalúrgicos do ABC) aponta que R$ 580 milhões deixarão de circular no Grande ABC, por ano, somente por conta dos salários dos funcionários da planta da Ford, em São Bernardo. A unidade, que deve ser fechada, conforme anúncio da empresa na última semana, mantém 2.800 trabalhadores diretos e 1.800 terceirizados, que também foram considerados na estimativa. Além disso, a entidade apontou que o faturamento anual da operação da montadora da região é de R$ 4,7 bilhões.

Em relação aos trabalhadores diretos, o impacto chegaria a R$ 500 milhões. Para obter aos resultados foram considerados a média de remuneração dos funcionários – R$ 7.000 para os próprios e R$ 2.800 para os terceirizados – em 13 salários, encargos, além de PLR (Participação nos Lucros e Resultados).

“Isso porque não estamos falando dos empregados das empresas que fornecem peças e insumos para a montadora. Em todo o Brasil, isso gira em torno de 24 mil trabalhadores. Para calcular todo o efeito, podemos multiplicar este valor em até cinco vezes”, afirmou o consultor da subseção do Dieese, Luís Paulo Bresciani.

Em relação ao faturamento anual da planta da Ford de São Bernardo, a entidade estima que o valor chegue a R$ 4,7 bilhões por ano. Deste total, R$ 3 bilhões estão relacionados aos caminhões. A planta produz os modelos Cargo, F-4000 e F-350 e o automóvel New Fiesta.

Dentro deste número foram considerados a relação de compra e venda dos fornecedores da empresa, tributos municipais, além do preço médio e volume de venda de cada tipo de veículo no ano passado. “Arriscamos dizer que uma parte considerável é de fornecedores da região”, afirmou.

O dado que é utilizado para o PIB (Produto Interno Bruto) é a geração de riquezas da empresa. Ou seja, é a diferença entre o valor do que foi produzido e o de terceiros utilizados nas atividades.

“Para o que ela gerou de riquezas considera o preço de venda e os insumos que ela comprou. Ou seja, o impacto deste valor pode ser até maior do que R$ 1,3 bilhão”, disse Bresciani. Conforme reportagem publicada pelo Diário no sábado, este valor, estimado por especialista, representa 1,2% do PIB do Grande ABC, de R$ 112,04 bilhões.

Para o consultor, o fechamento da planta fabril deve gerar um efeito cascata em outros tipos de indústria, além dos setores de comércio e serviço da região. “Temos a indústria química, que fornece para as montadoras; a de plásticos, que tem materiais utilizados na engenharia dos painéis; a de vidros, material elétrico, têxtil, que é responsável pelos estofamentos, entre outras. Uma grande parte disso está na região”, disse.

“É um efeito que atravessa todas as áreas, a própria administração pública terá redução tributária, na disponibilidade de recursos para investimentos do Estado e município. O comércio e os setores de serviços mais diversos também serão impactados com queda na demanda. É uma operação industrial bastante significativa”, analisou Bresciani.

Hoje, na parte da manhã, o sindicato realiza uma assembleia junto aos trabalhadores em frente da fábrica. A intenção é definir os próximos encaminhamentos da mobilização, que já dura uma semana.

SCANIA
Em contrapartida, a Scania, que também atua no segmento de caminhões, mercado que a Ford abriu mão na América Latina, divulgou que espera alta de 20% no setor. A empresa cita como motivos a promessa de crescimento da economia e lançamentos de modelos.