``É uma enorme conquista e um dos passos mais importantes que nós demos desde o final da Segunda Guerra', disse o representante do Tesouro dos Estados Unidos, Stuart Eizenstat, no fórum Holocaust Era Looted Cultural Asset, que aconteceu durante dois dias em Vilnius, Lituânia.
``Antes, os arquivos russos eram inacessíveis. Eles nao estao organizados, nao foram editados, nao existe um banco de dados. Nao se sabia nem onde estavam estes arquivos e quais os trabalhos que foram tirados dos nazistas depois do fim da guerra', informou o responsável pelas negociaçoes na recuperaçao das propriedades judias.
Os arquivos russos serao abertos agora graças a um acordo anunciado nesta quarta-feira entre a Rússia e Estados Unidos, apoiado pela iniciativa privada norte-americana, que irá financiar a pesquisa do acervo e a publicaçao das informaçoes.
Eizenstat nao quis especular sobre a rapidez da pesquisa, dizendo apenas que isto vai depender dos russos. ``Mas como nós já esperamos 55 anos, acho que existe um senso de urgência de todas a partes', acrescentou.
Os nazistas saquearam cerca de 220 mil obras de arte, de acordo com as estimativas do governo norte-americano, das quais 60 mil foram recuperadas de pois da guerra.
Entretanto, Eizenstat acredita que o número de peças roubadas ultrapasse 600 mil, que torna muito pequeno o número de objetos recuperados até hoje.
O rabino Aba Dunner, secretário-geral da Conferência Européia de Rabinos, classificou como fantástica a abertura dos arquivos russos.
``Nós estamos procurando estas informaçoes há anos, mas nao temos a menor idéia do que há nos arquivos, o que faz com que qualquer descoberta seja surpreendente para nós', disse Dunner.
A abertura dos arquivos também vai ajudar a fazer um estudo mais amplo do Holocausto, afirmou outro especialista.
``Esta pode ser a chave nao somente para recuperar as obras roubadas, mas parte da história das comunidades judias que deve estar nos arquivos russos', afirmou o rabino Andrew Baker, diretor de Assuntos Europeus, da Comunidade Judia Americana.
Ele mencionou que o arquivo da comunidade grega judia Saloniki se encontra nos arquivos de Moscou. ``O que aconteceu aqui, realmente foi um avanço significante', disse Baker.
O fórum de Vilnius, realizado pelo Conselho da Europa, dá seqüência ao processo aberto em Washington sobre o problema das propriedades judias roubadas, iniciado em 1998, que já teve uma conferência no ano passado em Estocolmo, na Suécia.
O fórum deve lançar nesta quinta-feira um site para ajudar os pesquisadores, agrupando a enorme quantidade de informaçao que surgirá sobre obras de arte roubadas.
É esperado que representantes de 37 países e de 17 ONGs peçam que naçoes relutantes a abrir seus arquivos, façam-no para evitar disputas judiciais longas e custosas para garantir a devoluçao das propriedades saqueadas.
Baker falou sobre a frustraçao de muitos com a lentidao do processo de recuperaçao da arte saqueada. ``Mas se nós lembrarmos que há cinco anos nao havia nada nesta área, podemos entender a extensao do progresso que está sendo feito', disse.
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