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Porto de Santos perde carga para terminais menores
Do Diário do Grande ABC
16/03/2000 | 16:15
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O porto de Santos, maior e mais caro do país, corre o risco de perder carga para os portos de Paranaguá (PR), Itajaí (SC) e Sao Francisco do Sul (SC), segundo um executivo da área de logística de um dos principais terminais de cargas de Santos. Paranaguá, por exemplo, já estaria "roubando"carga de Sao Paulo com instrumentos da guerrra fiscal. O coordenador-executivo do Comitê de Usuários dos Portos do Estado (Comus), José Cândido Senna, explica que incentivos fiscais, como a ampliaçao do prazo para pagamento do ICMS, podem atrair os importadores. Resultado da guerra fiscal, esse benefício permite que o importador venda sua mercadoria, faça caixa e só depois pague o imposto.

Além da disputa na área de impostos, Santos está sofrendo a concorrência dos chamados portos secos - Estaçoes Aduaneiras do Interior (Eadis). As Eadis sao terminais de carga alfandegados que têm investido na oferta de serviços para as empresas e oferecem menores custos do que os terminais portuários para determinadas cargas. "Para atrair clientes, as Eadis estendem o prazo de pagamento ao máximo e oferecem pacotes de serviços logísticos para diminuir os custos dos clientes", disse. No Paraná, os portos secos de Maringá e Londrina têm atraído clientes que antes seguiam para os terminais portuários de Paranaguá e Santos.

Senna ressalta, entretanto, que apesar das vantagens oferecidas por outros portos, Santos ainda é o porto melhor estruturado do país, com embarcaçoes para todos os cantos do mundo, melhores instalaçoes e melhores equipamentos portuários. Por isso, ainda cobra taxas mais altas. Além disso, o preço do frete rodoviário pesa na hora de o empresário optar entre ficar em Santos ou utilizar um porto mais distante, porém mais barato. Muitas vezes, a opçao por Santos ainda é vantajosa.

Santos já teve grandes ganhos de produtividade, cerca de 175% entre 1996 e 1999 nos trechos do armazém 12A a 23, e queda de custos desde a privatizaçao. Um dos principais gargalos para a reduçao nos preços é o alto custo da mao-de-obra do porto, em razao das exigências do Orgao Gestor de Mao de Obra (Ogmo) para a contrataçao de trabalhadores avulsos. A operaçao de um contêiner, que pode ser feita por três pessoas em portos modernizados, em Santos é feita por até 60.

Um exemplo dos ganhos de Santos desde a privatizaçao foi a crescente modernizaçao do Terminal de Contêineres (Tecon) de Santos. Os custos em dólares para os clientes do Tecon caíram 30% na armazenagem e 50% na operaçao das cargas desde que a operadora privada assumiu o terminal, em outubro de 1997. O Tecon operava 11 contêineres por hora em 97 e atualmente consegue operar 33, o triplo da velocidade.

Antes da privatizaçao, os navios aguardavam em média 22 horas para atracar. Agora, a espera é de 1h50, em média. O custo de movimentaçao do contêiner no Tecon caiu de US$ 500 e US$ 600 em 95 para os atuais US$ 220 a US$ 250. Só de 1997 para cá, a reduçao foi de 35%. Mesmo com as melhorias, o custo está ainda alto em relaçao ao Porto de Buenos Aires ou outros portos do Brasil, que cobram US$ 150.




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