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Reclamações por atraso na entrega crescem em Diadema

Em 2018, houve alta de 17% das queixas contra os Correios; moradores de área de risco sofrem

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
13/02/2019 | 07:19
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Claudinei Plaza


No Grande ABC, ao longo do ano passado, houve pelo menos uma reclamação por dia referente ao atraso na entrega de mercadorias pelos Correios, que somaram 535 registros. Embora o número seja 13% menor do que o registrado em 2017, com 612 queixas, em Diadema, única das sete cidades em que o transtorno foi ampliado, houve alta de 17%.

Os dados da região foram levantados pelo site Reclame Aqui a pedido do Diário. A cidade com maior número de reclamações no ano passado foi São Bernardo, com 196, seguida por Santo André, com 127. Em compensação, Rio Grande da Serra teve apenas uma queixa durante todo o ano (veja mais na arte).

O crescimento dos problemas com entregas em Diadema, que registrou 68 reclamações no ano passado (dez a mais do que em 2017), pode ter sido provocado pela grande quantidade de áreas com restrição de entrega na cidade. “Esse descompasso entre Diadema e o restante das cidades pode estar ligado a essa questão ou a alguma outra situação pontual. Sobre a redução das queixas na região como um todo, o que acontece é que, com o crescimento do e-commerce, o consumidor também está mais habituado à prática e especificidades da venda on-line”, afirmou o advogado especialista em direito civil Gustavo Milaré.

Os moradores que fazem parte dessa situação precisam ir retirar suas encomendas na agência localizada no Centro de Diadema. Entre eles, está a estudante de direito Solange de Jesus, 30 anos, que mora na Vila Conceição, bairro localizado a menos de três quilômetros da região central. “Esta já é a terceira vez que preciso vir retirar uma encomenda aqui, depois de receber cartinha dos Correios informando este procedimento. Toda vez que isso acontece gasto pelo menos meia hora para pegar fila, pegar senha, preencher formulário e, enfim, pegar a mercadoria”, contou.

“Pago frete para as encomendas, mas eu preciso retirá-las na agência, já que eles alegam que moro em área de risco. Eu já comprei brinquedos e roupas, mas nada nunca foi entregue em casa. Inclusive, em novembro do ano passado comprei um tapete infantil que os Correios mandaram de volta e colocaram como não localizado, só que não chegou nenhuma notificação”. afirmou a telefonista Elizabeth Boff, 37, moradora do Inamar.

De acordo com Milaré, a situação é delicada, já que a estatal também precisa garantir a segurança dos funcionários e das encomendas, mas o consumidor deve ficar atento à quantia cobrada para entregar a mercadoria adquirida. “O valor de frete praticado tem que ser o que foi para aquela determinada agência, e não para sua casa. Se o montante para a entrega em casa, que não aconteceu, for cobrado, há direito ao reembolso”, afirmou.

O OUTRO LADO
Questionados, os Correios afirmaram que a adoção de formas alternativas de entrega em algumas localidades acontece pela falta de condições mínimas que garantam a segurança dos carteiros e dos objetos transportados. “Periodicamente, a empresa avalia os níveis de risco nas regiões, o que pode resultar na exclusão ou inclusão de determinadas faixas de CEP como área de restrição para entrega”, afirmou, em nota. A estatal também disse que as condições do serviço são informadas ao remetente no ato da postagem. No site dos Correios também é possível consultar pelo CEP as áreas de restrição.

A Prefeitura de Diadema explica que realizou, em 2017, reunião com a direção dos Correios, representantes do Executivo, Legislativo e polícias Militar e Civil, para reforçar a necessidade de regularizar as entregas de encomendas em todos os bairros, uma vez que os próprios moradores pagam o frete. O Paço pontuou também que empresas que trabalham com serviço de entrega privada conseguem distribuir itens em diversos bairros. “Os Correios não têm autonomia para determinar quais áreas seriam de risco na cidade. As áreas de risco, no que se refere à segurança pública, são determinadas pelas polícias Civil e Militar”, afirmou, em nota. 




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