Visivelmente chocado, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse esta sexta-feira em Dili, que a política de terra arrasada empreendida pela milícia pró-Indonésia no Timor Leste era bem pior do que havia imaginado, ao final de uma breve visita à cidade. ``A devastaçao que pude ver é bem pior do que a que vi pela televisao. A reconstruçao será uma tarefa imensa', disse antes de partir para a Austrália.

Diante de cerca de 4 mil pessoas, em visita ao recém-reformado palácio do governo colonial português em Dili, Annan estava rodeado de mulheres vestidas de negro, que disse serem ``representantes simbólicas de todos os que morreram durante os conflitos'.

As pessoas compareceram com cartazes, nos quais pediam que os generais indonésios responsáveis pela violência fossem postos à disposiçao de um tribunal internacional.

Annan disse em uma coletiva à imprensa, que durante sua estadia de dois dias em Jacarta havia recebido de parte das autoridades Indonésias do mais alto nível a garantia de que os responsáveis pelas atrocidades seriam processados.

Em seu discurso, o secretário-geral da ONU também fez um chamado à reconciliaçao entre os que votaram contra e a favor da independência do Timor em relaçao à Indonésia.

``Todos vocês devem trabalhar juntos, para fazer desta uma grande naçao', disse, ao mesmo tempo reiterando seus pedidos de paciência à populaçao cansada com a lentidao da ajuda internacional para a reconstruçao.

Annan também expressou sua esperança de que o Banco Mundial comece a enviar os recursos, postos à disposiçao através de linhas de crédito prometidas em março.

O presidente do Banco Mundial, James Wolfensohn, visitará o Timor Leste na próxima segunda-feira e ``suponho que tem algumas boas notícias para vocês', disse Kofi Annan.

O secretário-geral das Naçoes Unidas partiu depois em direçao à Austrália, a etapa seguinte de sua viagem por seis naçoes da regiao.

O propósito principal da viagem de Kofi Annan à Austrália é agradecer ao governo de Canberra o rápido envio de tropas ao Timor Leste, em setembro passado, para deter a violência.