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Colômbia protesta contra camisetas que financiam as Farc
Da AFP
20/01/2006 | 16:04
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O governo colombiano protestou junto às autoridades dinamarquesas por permitirem que um fabricante de roupa escandinavo ofereça em Copenhague uma coleção de camisetas com logotipos da guerrilha das Farc e cuja venda financiará os rebeldes.

"É inaceitável e vai contra todas as normas internacionais financiar grupos terroristas. Ontem (quinta-feira), nosso embaixador (na Dinamarca, Carlos Holmes Trujillo) entrou em contato com o governo dinamarquês. Mandamos uma nota de protesto e pedimos uma explicação", disse a chanceler Carolina Barco à rádio privada Caracol, a partir de San Salvador.

Ao mesmo tempo, uma fonte da chancelaria colombiana assegurou à AFP que Trujillo informou que nesta mesma sexta-feira a polícia dinamarquesa anunciou sua decisão de abrir uma investigação formal.

"Abriram um processo legal contra este possível delito e, se for comprovado, em breve estas camisetas serão retidas do mercado", informou o diplomata num comunicado enviado ao palácio de San Carlos (sede da chancelaria colombiana).

A ministra Barco disse ter confiança de que a Dinamarca adotará uma decisão similar à tomada em relação à organização Rebelião, que foi processada judicialmente depois da comprovação de que enviou dinheiro para essa guerrilha colombiana de origem marxista.

"Financiar organizações terroristas é um delito e esperamos que haja uma resposta do governo dinamarquês tão contundente quanto a anterior", concluiu Barco, referindo-se ao caso de outra organização não-governamental dinamarquesa, a Foreningen Oproer (Associação Rebelião). Em 2004, esta associação foi condenada pela justiça dinamarquesa por ter enviado 50 mil coroas dinamarquesas (cerca de US$ 7,9 mil ) às Farc.

A fabricante de roupas dinamarquesa "Fighters+Lovers" lançou na sexta-feira em Copenhague sua primeira coleção para o verão 2006 de camisas com a logomarca das Farc da Colômbia e da FPLP da Palestina, grupos armados inscritos na lista de organizações terroristas da União Européia e dos Estados Unidos.

A "Fighters+Lovers" doará 5 euros por cada camisa vendida ao preço de 23 euros às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e à FPLP (Frente Popular de Libertação da Palestina), informou Bobby Schultz, porta-voz da empresa de roupas.

O dinheiro financiará uma estação de rádio na Colômbia e uma oficina gráfica na Palestina, garantiu Schultz.

A nova legislação antiterrorista da Dinamarca, aprovada em 2002, proíbe o financiamento direto ou indireto de movimentos terroristas. As pessoas que violarem esta lei poderão ser condenadas a 10 anos de prisão.

"Não temos medo em absoluto de ser processados ou condenados. É o cliente que decide, ao comprar nossas camisas, sustentar estas organizações. E temos o direito de lutar por uma causa: a justiça e o direito à educação defendidos pelas Farc e pela FPLP", acrescentou Schultz.

A fabricante afirmou ter se inspirado na célebre combatente palestina da FPLP Leila Khaled, considerada durante muito tempo uma terrorista e que atualmente integra o Parlamento palestino.

"Nelson Mandela também foi um terrorista para o regime sul-africano do apartheid e os resistentes dinamarqueses durante a Segunda Guerra Mundial eram considerados igualmente assim antes de se tornarem heróis", segundo o porta-voz.

As camisas, de diferentes cores, com os logos das Farc e da FPLP serão colocadas à venda no site www/fightersandlovers.com.




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