O deputado estadual Joao Rosa (PTB) foi acusado de tortura durante o depoimento do caminhoneiro Hercílio Natalício Borges à CPI do Narcotráfico e Crime Organizado. Segundo o motorista, ele foi torturado pelo parlamentar em 1984, quando Joao Rosa era delegado de polícia no município de Joinville (regiao norte catarinense). "Fui preso por suspeita de furto e, para confessar o crime, o senhor e seus policiais me amarraram, me torturam com jatos de água no nariz e num tanque de água", afirmou na frente do deputado, que integra a comissao parlamentar de inquérito que investiga o crime organizado em Santa Catarina.

Hercílio Natalício Borges também mostrou uma marca no braço que, segundo ele, "sao marcas de ferro produzidas durante a sessao de tortura". O deputado Joao Rosa disse que a denúncia era "fria, calculista e orientada por alguém", e resolveu suspender o interrogatório que fazia ao depoente.

O deputado Joao Henrique Blazi (PMDB), presidente da CPI, evitou comentar a denúncia, mas disse que todos os casos levados à comissao serao apurados. A CPI tem mantido em sigilo grande parte dos depoimentos de pessoas envolvidas com tráfico de drogas e roubo de cargas na regiao.

Durante 60 dias, a CPI ouviu 40 depoimentos, realizou 25 reunioes e recebeu 1.006 denúncias através do telefone disque-denúncia. Segundo Blazi, "está clara a conexao de tráfico de drogas entre os Etados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná".