Economia Titulo Imóveis
Classe média deve pagar mais juros de habitação, diz presidente da Caixa

Conforme Pedro Guimarães, taxas serão de mercado; as do Minha Casa, Minha Vida, porém, não vão subir

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
08/01/2019 | 07:18
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Arquivo/Agência Brasil


Empossado ontem, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, disparou que a classe média terá de pagar juros maiores, ou seja, de mercado, para o financiamento da casa própria.

“Se hoje você tem zero de empréstimo para pessoas de classe média, não vão ser os juros do Minha Casa, Minha Vida. Quem é classe média tem que pagar mais. Ou vai buscar no Santander, no Bradesco, no Itaú. E vão ser juros de mercado (na Caixa). A Caixa vai respeitar os juros de mercado”, afirmou Guimarães após cerimônia de posse no Palácio do Planalto, em Brasília.

Segundo ele, as taxas serão superiores às oferecidas nas operações do Minha Casa, Minha Vida, programa habitacional que conta com juros subsidiados para a população de baixa renda. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Regional, a iniciativa atende famílias com renda mensal bruta de até R$ 1.800 na faixa 1, em que não há incidência de juros, e o subsídio pode chegar a 90% do valor do imóvel. As demais faixas, direcionadas àqueles que possuem rendas maiores, também são subsidiadas: 1,5 (para quem ganha até R$ 2.600) tem juros de 5% ao ano; 2, entre 6% e 7% ao ano (até R$ 4.000); 3, 8,16% ao ano (até R$ 9.000).

Na avaliação de Silvio Paixão, professor de Finanças da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), antes de mais nada é preciso saber o que o banco entende por classe média, e a que tipo de imóvel ele se refere. “Faltam maiores esclarecimentos nessa declaração para analisar o real intuito do banco. Até por que, hoje a maior parte das instituições está com taxas próximas umas das outras, em torno de 8,5% ao ano mais TR (Taxa Referencial). E, até que provem o contrário, 60% dos depósitos da poupança devem ser aplicados em imóveis de até R$ 1,5 milhão, para financiá-los, por meio do SFH (Sistema de Financiamento Habitacional)”, assinalou.

E, conforme o Banco Central divulgou ontem, o saldo das cadernetas (depósitos menos saques) em 2018, de R$ 38,26 bilhões, foi o melhor em cinco anos, ou seja, os brasileiros investiram mais dinheiro na poupança do que retiraram. Em 2013, quando o montante chegou a R$ 71,05 bilhões, o País ainda não tinha entrado em recessão.

“A maioria das pessoas ainda prefere a poupança, mesmo que tenha menor liquidez, pelo fato de poder movimentar a conta quando querem, não pagar Imposto de Renda e ter o dinheiro garantido pelo Fundo Garantidor de Crédito. Muita gente conseguiu guardar na caderneta, no ano passado, alguma economia ou parte do 13º salário para quitar contas de início do ano, como IPVA e IPTU”, explica Paixão. “Também conheço quem não tem recursos para pagar R$ 50 mensais de manutenção da conta-corrente, o que em um ano dá 60% do salário mínimo (R$ 998), então usa a poupança como se fosse corrente, e só a movimenta com cartão de débito.”

A remuneração da caderneta de poupança é formada pela TR, hoje zerada, mais 70% da Selic, em 6,5% ao ano, portanto, o rendimento gira em torno de 4,5% ao ano. (com agências) 




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