Esta, porém, nao é a única atraçao internacional da dança. Para este ano, já estao programadas apresentaçoes de outras quatro companhias que farao turnês pelo país, e têm espetáculos agendados nos palcos do Municipal e do Alfa Real, também em Sao Paulo.

Em número de atraçoes, ao menos por enquanto, a programaçao de dança desse ano está menor em relaçao a do ano passado, quando o Brasil teve a oportunidade de assistir, entre outros, às apresentaçoes do Kirov, da Alvin Ailey American Dance Theater, do Tokyo Ballet e até de Mikhail Baryshnikov.   

Isso, segundo os promotores, é por acaso, e nao tem relaçao com a alta do dólar, que elevou também os cachês internacionais - porém, deve aumentar muito a concorrência pelos ingressos, os quais, apesar de caros, sempre se esgotam. Outro agravante é que algumas atraçoes, como é o caso do Ballet Bolshoi, fazem parte da programaçao de assinaturas dos promotores. Assim, o número de ingressos disponíveis deverá ser ainda menor.  

Russos - A história do Ballet Bolshoi praticamente se confunde com a história do balé na Rússia e com a de seu principal teatro. Tudo começou na Moscou de 1773, numa escola para órfaos. A cidade era pequena, burguesa e mercantil, e havia perdido o status de capital imperial depois da fundaçao de Sao Petersburgo. Entao, para nao ficar atrás, investiu na escola, seguindo a mesma linha do Kirov, fundado em 1743.   De início isso nao foi suficiente, e o Bolshoi ficou à sombra do Kirov até o início do século XX. Porém, depois da revoluçao de 1917, Sao Petersburgo deixou de ser a capital e os bolcheviques quiseram acabar com os teatros e corpos de baile imperiais, acusando-os de herdeiros da burguesia.  

Graças a Anatoly Lunatcharsky, entao comissário da Cultura de Lênin, o balé sobreviveu. Próximo do centro do poder, o Bolshoi passou a ser o novo modelo da dança. A maior parte dos bailarinos de prestígio do Kirov mudou-se para Moscou, e o Bolshoi transformou-se em embaixador da dança soviética, realizando extensas turnês mundiais.  Do repertório do Bolshoi saíram obras clássicas do balé mundial, de coreógrafos como Saint-Léon, Petipa, Tikhomirov e Goleizovski. A partir da década de 60, o grupo ganhou fôlego e uma nova estética com a direçao de Yuri Grigorovich. Idealizador de clássicos contemporâneos, suas primeiras criaçoes foram A flor de pedra (1959), sobre música de Prokofiev, e Uma lenda de amor (1965), com música de Malikov.   Porém, a criaçao mais marcante do período de Grigorovich foi o bailado Spartacus (1968), com argumento de Nicolai Volkov e música de Aram Khachaturian. Centrada na figura lendária do escravo romano revolucionário, esta coreografia dividida em três atos está em um dos programas que a companhia escolheu para apresentar na turnê brasileira. O outro programa tem Raymonda, também de Grigorovich, com argumento de Petipa.  

Atualmente, a direçao artística do Ballet Bolshoi está com Vladimir Vassiliev, que desempenhou praticamente todos os papéis principais dos repertórios clássico e contemporâneo da companhia e é o único detentor do título de Maior Bailarino do Mundo, conferido em 1964 pelo júri do Concurso de Varna, na Bulgária.

Estrelas - Para as apresentaçoes no Brasil, o elenco do Bolshoi virá completo, trazendo todas as suas principais estrelas. A data do início da venda de ingressos ainda nao foi definida, mas o público deve se preparar para os preços salgados. Para o espetáculo do dia 16 de maio, os preços variam de R$ 60 (setor 5) a R$ 220 (setor 1). Já para ver os dois programas, nos dias 11 e 14 ou 13 e 15 de maio, os preços vao de R$ 114 (setor 5) a R$ 418 (setor 1).  A apresentaçao do dia 12 de maio será destinada aos assinantes do programa do Mozarteum Brasileiro (tel.: 815-6377), que conta também com orquestras e cantores líricos.   Quinze dias antes do espetáculo, a empresa colocará à disposiçao do público em geral os ingressos restantes. O preço nao está definido.