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Morador da região troca produtos da ceia de Natal

Apesar de melhora na economia, peru e outros itens tradicionais vão ficar para 2019

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
22/12/2018 | 07:20
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Denis Maciel/DGABC


Mesmo com indicadores que demonstram reação da Economia, com maior geração de emprego e maior disposição da população para comprar presentes de Natal, moradores do Grande ABC ainda sentem dificuldade na hora de encher o carrinho para preparar a ceia. Devido à alta nos preços por conta do período festivo, muita gente vai deixar o peru e as frutas secas para 2019, ao recorrer à substituição dos pratos tradicionais por outros mais acessíveis e até a celebrações comunitárias.

A manicure Valdete Alves Brito, 35 anos, moradora do núcleo Piracanjuba, em Santo André, vai participar de um jantar colaborativo. Segundo ela, alguns vizinhos se reuniram para fazer um churrasco, já que o desemprego acabou complicando a vida das famílias no bairro. Ela mesma sofre com a falta de emprego há dois anos, e participa de atividades como educadora, além de trabalhar por conta, para conseguir algo próximo de um salário mínimo (R$ 954) por mês e sustentar filho de 9 anos.

“Neste ano, nós vamos fazer um churrasco e até mesmo a tradicional ave natalina vai ficar de fora. Isso porque o preço do gás de cozinha está alto, então não vamos fazer nenhuma carne assada. Vamos investir no churrasco e nas frutas, por causa do calor. Fiquei responsável por escondidinho e pavê. Até os legumes vamos fazer na churrasqueira”, contou.

Valdete desembolsou R$ 146,37 para a compra de 31 produtos no Roldão e não deixou de economizar. “Em vez de comprar azeite, optei por óleo. Economizei R$ 15 e já usei o dinheiro para comprar a carne seca para o meu prato. Também optei por comprar produtos a granel, como a azeitona, por R$ 4,50, e economizei R$ 2,50 em relação à embalagem normal. Toda economia faz diferença”, disse.

Já a pedagoga Alessandra Hipólito, 41, moradora da Vila Rica, em Santo André, levou um pernil (cujo quilo saiu por R$ 9,98 no Nagumo), mas ainda não comprou o contrafilé. “No início da semana, o preço era R$ 26,90 e, hoje, já está R$ 33,90. As batatas e as verduras também vou esperar para comprar mais perto, para ver se os preços baixam”, afirmou.

O professor de Biologia Euclides Oliveira, 43, morador do Parque São Vicente, em Mauá, destacou que ainda vai pesquisar bastante antes de comprar todos os itens. “Percebemos que o bacalhau (R$ 69,90 o quilo) está um pouco mais caro, mas as frutas estão com bom preço, como a melancia, por exemplo (R$ 19,98 unidade grande). A uva-passa está com variação muito grande, então vale a pena pesquisar mais antes de levar”, afirmou. O preço da fruta seca custava entre R$ 4,39 e R$ 7,49 no Nagumo.

DICAS - As frutas e cereais podem ser boa maneira para economizar até 50%. De acordo com o sócio-proprietário do Hortifruti Barcelona, em São Caetano, Lucas Giampietro, a opção por frutas nacionais pode ser alternativa para quem precisa economizar. “A laranja baía importada sai R$ 10,97 o quilo, já a laranja-lima fica por R$ 4,97. Ela é nacional e, por conta da época, está superdoce. As frutas frescas ficam muito mais baratas neste período”, sugere. “As glaceadas brasileiras, como banana e abacaxi, também são boa opção para a mesa”, completa.


Encomenda de pratos prontos é opção nos mercados da região

Ainda dá tempo de encomendar carnes, saladas, farofas e demais aperitivos quem tem pouco tempo para preparar os pratos da ceia. Mercados da região disponibilizam cardápio para reserva até a data de hoje.

No Nagumo, há opções como o frango atropelado, que sai por R$ 24,90 o quilo, até o pernil e lombo recheado, que custam R$ 36,90 (o quilo). As encomendas podem ser realizadas até hoje, mas, segundo o gerente da unidade do Ipiranguinha, em Santo André, Cezar Marlon, na véspera de Natal serão disponibilizadas carnes para quem não conseguiu encomendar. “Os clientes que fazem os pedidos retiram senha para que a entrega seja feita em horários diferentes, para que a nossa produção consiga dar conta”, afirmou.

Moradora da Vila Humaitá, a bancária aposentada Maria José da Silva, 69 anos, optou pelas encomendas. “Eu vou passar as festas com a família, então fica mais fácil levar o frango e o salpicão já prontos. Eu só vou comprar o peru porque eu gosto de temperar”, disse.

No Extra, as encomendas podem ser feitas até a meio-dia de hoje. Um dos kits custa R$ 89 para o cliente Clube Extra e inclui salpicão de frango, arroz verde com linguiça, lombo assado e farofa de banana-da-terra com bacon. Já o Pão de Açúcar tem como destaque ceia que serve de quatro a seis pessoas, com cestinhas de camarão, caponata, lombo com molho de maçã e bacalhau e custa R$ 299 para quem é Cliente Mais.

O Carrefour disponibiliza dois kits para encomenda, o mais barato com ave natalina, farofa tropical, salpicão, arroz com lentilha e porção de batata corada, com valor médio de R$ 69,89. Na Coop são oferecidas 25 opções de preparados, entre eles cinco tipos de carnes assadas, entre outros.


Batata e cebola estão custando mais

Dois itens essenciais para cozinhar pratos natalinos estão mais caros neste mês e podem encarecer ainda mais a ceia. A cebola e a batata tiveram alta de 21,21% e 5,67%, respectivamente, custando média de R$ 3,14 e R$ 2,79 o quilo. Os dados são da pesquisa da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André).

De acordo com o engenheiro agrônomo da Craisa, Fábio Vezzá De Benedetto, a alta nos preços dos dois produtos tem duas razões principais: o aumento na demanda e o clima para o cultivo. “Nos dois produtos temos consumo maior nesta época por conta das festas de fim de ano. Em relação à cebola, tivemos a safra da Argentina, e o pico de preços chegou a até R$ 7 o quilo. Agora, os produtos são das plantações paulistas, mas já estão acabando, então já estão vindo algumas do Sul do País, o que encarece um pouco. Já a batata não gosta de calor nem de muita chuva, então atrapalha a colheita, só isso já é motivo para deixar mais caro”, explica.

Mesmo assim, ele ponderou que a expectativa é a de que, no início de 2019, os preços voltem a se estabilizar. “Isso porque em janeiro muita gente sai de férias e o preço de tudo recua. Nas primeiras semanas do mês são poucas pessoas que vão fazer as compras do mês, mas agora no fim do ano há uma grande movimentação para as ceias”, disse.

Em dezembro, média de preço do kit com 34 itens de primeira necessidade ficou em R$ 599,16. Já a anual ficou em R$ 585,31, 1,53% a mais do que em 2017, quando custava R$ 576,51.

“Em 2017, por exemplo, fechou 5,24% mais cara do que em 2016. Tivemos algumas situações, como a greve dos caminhoneiros, mas do ponto de vista dos alimentos, os preços já se normalizaram. Mas a média do ano também pode sinalizar uma demanda meio enfraquecida, que é reflexo ainda dos momentos de crise”, afirmou Benedetto.
 




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