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Garotinho casa filha sem a presença de líderes políticos
Do Diário do Grande ABC
19/03/2000 | 19:47
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Em meio à crise na área de segurança pública, o governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho comemorou nesse sábado o casamento da filha adotiva Maria Aparecida de Almeida. A festa em Campos nao foi um mero acontecimento social e expôs a atual face do governo. Apesar de convidadas, as principais lideranças do PT e do PDT, partidos da base governista, nao compareceram à cerimônia.

Entre os ausentes, Luis Inácio Lula da Silva, o presidente nacional do PT, José Dirceu, o ex-governador Leonel Brizola e a vice-governadora Benedita da Silva. Nenhum secretário petista, à execeçao de Antônio Pitanga (Esportes e Lazer), foi a Campos. O governador cercou-se da República do Chuvisco, um seleto grupo integrado por seus principais assessores, a maioria campistas.

A turma teve até direito a tratamento vip na festa, no clube de Regatas Saldanha da Gama. Enquanto a maior parte dos 800 convidados ficava ao relento, sujeitos a pingos de chuva, cerca de 180 pessoas se acomodaram confortavelmente no andar superior do clube, devidamente coberto. Mais: até o jantar para o pessoal do segundo andar foi servido antes. No rol dos eleitos pelo governador estavam o secretário de segurança pública, Josias Quintal, Luis Rogério Magalhaes, coordenador político do governo, e o chefe do gabinete civil e padrinho da noiva, Jonas Lopes.

A senha para identificar o grupo formado pela "República do Chuvisco" nao era difícil. Antigos secretários de Garotinho na época em que era prefeito, diretores de empresas locais e amigos volta e meia se referiam ao governador como "Bolinha", apelido herdado desde criança por seu peso um tanto elevado.

Regados a vinho branco nacional, coca-cola, guaraná e água, os integrantes do grupo nao tinham outro assunto além da demissao de Luis Eduardo Soares, ex-coordenador da área de segurança. O grupo evangélico foi devidamente representado pelo ex-secretário de Habitaçao, pastor Francisco Silva, e pelo deputado federal Éber Silva.

Candidato declarado à sucessao do presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador Garotinho busca no voto evangélico sua base de sustentaçao para as eleiçoes de 2002.

A ausência de Benedita foi justificada pelo marido, Antônio Pitanga. "Ela estava no debate do PT, que definirá o candidato do partido à prefeitura". O casamento de Aparecida virou, dentro do PT, mais um motivo de discussao interna. Benedita teria proposto o adiantamento do horário do debate - marcado para às 17h - para que pudesse ir a Campos, mas a resposta veio rápido. "Quer dizer, entao, que o casamento da filha do governador é mais importante que o partido?", questionaram vários filiados petistas em uma reuniao na tarde desse sábado. E, desta vez, os companheiros levaram a melhor.

Garotinho, por sua vez, afirmou compreender os motivos pelos quais Benedita nao comparecera, mas nao comentou a ausência dos demais secretários petistas, Jorge Bittar (Planejamento) e Gilberto Palmares (Trabalho). Eles, aliás, foram os únicos secretários de todo o governo que nao prestigiaram a festa da filha do governador.

Circulando entre uma mesa e outra, estava também o ex-secretário Sérgio Zveiter, desafeto antigo de Leonel Brizola e estopim da última crise política no governo. Zveiter - que sairá candidato pelo PMDB à prefeitura de Niterói - fez tanta questao de comparecer à festa que fretou um jatinho para chegar a tempo em Campos. "O governador é meu amigo", disse, justificando sua presença.




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