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Cia. Deborah Colker apresenta 4 por 4 em SP
Mauro Fernando
Do Diário do Grande ABC
09/07/2002 | 17:52
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Para a coreógrafa e bailarina Deborah Colker, a fusão e a interação entre as linguagens da dança contemporânea e das artes plásticas são possíveis. A Cia. de Dança Deborah Colker apresenta 4 por 4 desta quarta a domingo no Teatro Alfa, em São Paulo. O espetáculo conta com trabalhos de Cildo Meireles, do grupo Chelpa Ferro, Victor Arruda e Gringo Cardia, que também assina a direção de arte de 4 por 4. Além disso, há um diálogo com obras de Diego Velásquez (1599-1660) e Edgar Degas (1834-1917).

“Pode-se falar em fusão porque a coreografia e as obras plásticas tiveram processos de criação diferentes e em interação porque interajo com a mesa, os cantos, os vasos, tudo o que se apresenta. Duas coisas se transformaram numa terceira, nova”, afirma Deborah. Quatro trechos compõem a montagem: Cantos, Mesa, Povinho e Vasos, do qual As Meninas é uma espécie de prólogo. “Todos fazem conexão com o mundo contemporâneo, o cotidiano pulsa neles”, diz.

“Quando imagino a dança, penso direto em espaço, não em música. Dançar significa relacionar-se com o espaço”, afirma. Assim, em Cantos, corpos dos bailarinos passam por entre frestas da obra de Meireles. “É uma coreografia erótica, que fala sobre formas. O canto é um lugar íntimo, em que existe a possibilidade do sonho”, diz.

O grupo Chelpa Ferro (Luiz Zerbini, Barrão, Sergio Mekler e Chico Neves) criou o objeto com rodas de Mesa que passa lentamente de um lado a outro do palco. “Há um contraponto com Cantos, vigoroso e forte, e um segredo divertido, algo dentro do objeto”, afirma. Deborah dança em Mesa.

Povinho, com obra de Arruda, também aborda a sexualidade. “Há na pintura um quê de (Carlos) Zéfiro”, diz. Deborah, porém, não teme a polêmica: “A coreografia mexe com as descobertas adolescentes e não é vulgar nem agressiva nem apelativa. Existe humor e até uma certa ingenuidade”.

“As Meninas (que remete à obra de mesmo nome de Velázquez e ao universo de Degas) apresenta novidades para a companhia. Há o trabalho nas pontas (dos pés), um diálogo com a técnica clássica, e a música ao vivo”, afirma. Ao piano, Deborah executa uma sonata de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791).

“Embora sejam muito diferentes, As Meninas e Vasos são quase uma coisa só. A conexão está na construção da instalação Vasos (de Cardia), que é feita durante As Meninas”, diz. São colocados no palco 90 vasos, entre os quais os intérpretes trabalham. Se em As Meninas prevalece a delicadeza, em Vasos os gestos são explosivos.

4 por 4 – Dança contemporânea. Coreografia de Deborah Colker. Com a Cia. de Dança Deborah Colker. De quarta a sábado, às 21h, e domingo, às 18h. No Teatro Alfa – r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, São Paulo. Tel.: 5693-4000. Ingr.: de R$ 20 a R$ 50.




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