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Nobel de Economia diz que Mercosul está distante da uniao
Do Diário do Grande ABC
25/04/2000 | 16:02
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O professor canadense Robert Mundell, Prêmio Nobel de Economia do ano passado, afirmou nesta terça que o Mercado Comum do Sul (Mercosul) está muito distante de alcançar uma uniao monetária. Para chegar a uma moeda única no bloco, seria necessário que as taxas de câmbio fossem fixas entre os quatro países que o integram, observou. Na ótica do professor, essa decisao dependeria de uma condiçao prévia: a estabilidade econômica com equilíbrio fiscal. Nesse sentido, comparou, a Argentina está à frente do Brasil, pois alcançou uma estabilidade de preços e de inflaçao mais prolongada.

O professor disse que um caminho viável para o Brasil conseguir estabilidade seria atrelar o real ao dólar, mas isso poderia ser feito quando a taxa anual de inflaçao estivesse próxima a 2%. Durante sua palestra na conferência "Mercosul: o Desafio da Uniao Monetária", realizada no Centro de Eventos Plaza Sao Rafael, na capital gaúcha, Mundell afirmou que haveria muita integraçao monetária entre Brasil e Argentina se os dois países tivessem uma taxa de câmbio rígida. "As coisas fixas a uma terceira ficam fixas entre si", comentou.

Questionado sobre as observaçoes do diretor de Política Econômica do Banco Central, Sérgio Werlang, que falou contra a política de câmbio fixo para o Brasil durante a conferência, Mundell lembrou declaraçoes do presidente Fernando Henrique Cardoso em defesa da moeda única no Mercosul. "Se isso é verdade (que Fernando Henrique Cardoso defendeu a moeda única), é o presidente da República que faz a política ou o representante do Banco Central?", indagou, durante entrevista.

Para o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Enrique Iglesias, que também foi conferencista no evento, a América Latina nao está preparada nem política nem economicamente para a dolarizaçao, mas a moeda única é uma possibilidade viável e desejável para o bloco. Iglesias disse que a convergência macroeconômica entre os países do Mercosul deve estar no centro do debate.

O ex-ministro da economia da Argentina Domingo Cavallo, considerou que nao faria sentido adotar o real como moeda única do Mercosul, já que seu país tem uma moeda mais estável que a brasileira. "O real nao tem prestígio nem estabilidade para ser a moeda única", afirmou Cavallo. O ministro da Fazenda, Pedro Malan, cuja presença havia sido confirmada ontem pela manha pelos organizadores do evento, cancelou sua participaçao na conferência.




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