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Câmbio segura atividade industrial
Anderson Amaral
Do Diário do Grande ABC
31/10/2006 | 23:13
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A perda de competitividade causada pelo câmbio valorizado e pelo aumento das importações derrubou a indústria paulista em setembro. Segundo levantamento realizado por Fiesp e Ciesp (Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), a atividade industrial caiu 0,6% em relação a agosto, na série com ajuste sazonal. Em comparação a setembro de 2005, houve expansão de 4,7%. Já no acumulado de janeiro a setembro, a alta é de 3,7%.

O diretor do Departamento de Economia da Fiesp, Paulo Francini, classificou de “melancólico” o resultado do INA (Indicador de Nível de Atividade) de setembro. Apesar do ajuste sazonal, o índice foi fortemente influenciado pela quantidade de dias úteis – 20, contra 23 em agosto, mês em que o INA registrou surpreendente aumento de 0,9% (número revisado pelas entidades). “Não fosse o efeito dos dias úteis, o resultado provavelmente seria nulo nos dois meses”, explicou Francini.

Na opinião do economista-chefe do Ciesp, Carlos Cavalcanti, o desempenho refletiu os efeitos do aumento da presença de produtos importados, principalmente da China, que provoca um “vazamento da capacidade produtiva” da indústria brasileira.

O economista destacou que as vendas no comércio varejista apresentam tendência de expansão, como revelaram a alta de 7,9% em setembro apurado pela Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) e de 2,3% em agosto observada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Segundo ele, esses números mostram que está em curso uma “substituição da produção doméstica por artigos importados, que ocorre desde o início do ano, mas se acentuou nos últimos meses”, explicou.

Cavalcanti também creditou o resultado à falta de confiança do empresariado para investir no aumento da produção. “Todos os componentes que definem o comportamento do PIB (Produto Interno Bruto) estão favoráveis. A renda do trabalhador aumentou, o desemprego segue estável e os juros estão caindo, embora lentamente. Mas a produção não cresce porque o empresário não tem a percepção de que esse crescimento se dá de forma sustentada”, avalia o economista. “Na prática, a indústria está apenas administrando a ociosidade de sua capacidade instalada.”

O Ciesp projeta crescimento de 3,0% a 3,2% para a atividade industrial paulista ao final deste ano. Cavalcanti explicou que a produção tradicionalmente cai nos meses de novembro e dezembro, mas ressaltou que a definição do quadro político, aliada ao aumento das encomendas feitas pelo comércio à indústria em função das festas de fim de ano, podem favorecer os resultados do último trimestre. “A tendência é que o resultado de 2006 caminhe para um número intermediário entre o acumulado dos últimos 12 meses (2,8%) e o saldo acumulado deste ano (3,7%)”, estimou.

Conjuntura – No conjunto da indústria, oito dos nove componentes do Levantamento de Conjuntura que formam o INA tiveram desempenho negativo. As vendas reais recuaram 1% em setembro, enquanto as horas trabalhadas na produção caíram 2,9% e o total de salários reais encolheu 0,2%. Já o Nuci (Nível de Utilização da Capacidade Instalada) recuou de 82,3% em agosto para 81,9% no mês seguinte.




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