Quem é louco por automóveis modifica o carro para adquirir mais potência, aerodinâmica, torná-lo exclusivo, mais bonito, enfim, para ter um carro de atitude. Para alguns, a personalização de carros é feita com um único objetivo: a elegância. Muitas pessoas de alto poder aquisitivo vêm contratando profissionais para modificar seus carros de acordo com o estilo que desejam. Mas essa mudança é apenas estética. O motor e toda a parte técnica continuam originais de fábrica

E já existem especialistas nesse tipo de trabalho. O arquiteto, designer de interiores e urbanista Augdan de Oliveira Leite é um deles. Augdan nasceu em Mauá e vive em Santo André há 17 anos. Ele já personalizou vários modelos, como Gol, Classe A e Picape S10. Ele destaca as mudanças feitas em um Mercedes Classe A: "Pintei de preto e vermelho, coloquei bancos de couro e insulfilm vermelhos e troquei rodas e pneus. Ficou impecável."

O próximo projeto do designer vai ainda mais longe. Nos próximos 90 dias ele irá modificar uma BMW 535, de 1991. As instalações são muitas: sistema de comando de voz; dois DVD’s no encosto de cabeça dos bancos da frente; painel de madeira e aço escovado; bancos, teto e laterais em couro; blindagem; pintura prateada com brilho em grânulos grandes; rodas metálicas; pneus aro 17; geladeira próxima ao porta-luva; aumento da saia e troca de faróis e lanternas.

A transformação será completamente patrocinada. Foram feitas parcerias com diversas empresas para que isso acontecesse. "Se fosse bancar todos os gastos, calculo que sairia em torno de R$ 80 mil", disse. Augdan explica também que a BMW 535 de 1991 foi escolhida por ser um modelo já fora de linha. "Eu não poderia pegar um carro novo para não entrar em confronto com o Salão do Automóvel."

A palavra "tuning" vem do verbo "to tune", em inglês, que significa afinar, modular, direcionar. No Brasil, o carro tunado normalmente é aquele que tem pintura personalizada, potência maior e acessórios diferentes, entre outros. Mas será que se modificarmos apenas a parte estética do automóvel o trabalho pode ser considerado tuning?

Na opinião de Augdan, a resposta é não. "Não mexo com motor, suspensão, essas coisas. Sempre tem acompanhamento técnico. O carro não perde a garantia nem a estabilidade original de fábrica", afirmou. O veículo que ele personaliza não é para ser usado diariamente. É para ficar na garagem e sair só em ocasiões especiais. Por isso, o público atingido é bem restrito. São pessoas que estão no topo da classe A brasileira. "Se eu der característica de carro tunado, o perfil do meu público muda. O tuning é associado à velocidade, o que não tem a ver com meu trabalho", garante.

A vontade de ter um carro mais equipado, confortável e elegante vem do fato de hoje em dia perdermos muito tempo no trânsito. Para o designer, os carros que vêm das fábricas não são suficientes para quem tem muito dinheiro. Faltam acessórios. E essas pessoas não se importam em pagar ainda mais para ter acesso aos recursos que a personalização propõe, como DVD’s e até geladeiras.

Augdan desenha carros desde os 9 anos. Aos 17, fez um curso de design de automóveis. "Tenho essa paixão desde pequeno. Queria trabalhar como estilista de veículos, mas o mercado é completamente fechado. A arquitetura tem um campo maior." Ele lembra que, em 1982, comprou seu segundo carro: um Chevette. Mesmo sem muitos recursos, Augdan deu um jeito de transformar o veículo. Colocou aros cromados nas rodas, tapeçaria marrom em harmonia com o interior do automóvel e personalizou as lanternas. "Gosto de carro com estilo e elegância". O trabalho que desenvolve atualmente consegue unir suas duas paixões: a arquitetura e o automóvel.