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Vereador de São Bernardo é preso em operação da PF
Luciano Cavenagui e Rita Donato
12/09/2008 | 08:09
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A PF (Polícia Federal) decretou prisão temporária de cinco dias do vereador de São Bernardo Alberto Raposo (PSB) - candidato à reeleição e médico supervisor da perícia técnica do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) - e da candidata a vereadora Otília Azevedo (PPS), por estelionato qualificado. Eles são acusados de envolvimento em uma quadrilha que cometia fraudes na concessão de benefícios previdenciários. O prejuízo aos cofres públicos é de cerca de R$ 200 milhões.

O esquema foi denunciado em junho do último ano, pelo Ministério da Previdência. Segundo o sindicalista Luiz Marinho (PT), que era o ministro da Pasta à época, o processo de investigação começou após "denúncia anônima" de um morador. "Recebi denúncias verbais e pedi apuração. Esperava que fosse concluída antes de eu deixar o Ministério (em junho)", afirmou.

Embora o caso esteja em segredo de Justiça, portanto os nomes não foram revelados pela PF, o petista assegura: "Alberto e Otília eram os mais presentes na estrutura da quadrilha. Aguardaremos a apuração dos fatos para saber novos envolvidos."

Além do vereador e da candidata, foram detidos na chamada Operação Providência outras 19 pessoas, incluindo advogados, agenciadores e beneficiários que buscavam os serviços da quadrilha. "Os envolvidos com política tinham o papel de fazer a intermediação dos beneficiários com os fraudadores", afirmou o delegado regional da PF em São Paulo, Sérgio Barbosa Menezes.

Conforme o delegado, eles realizavam a falsa perícia. "Preparavam a documentação para o beneficiário que não tinha direito. Criavam qualquer doença. O importante era a concessão do benefício para pessoas saudáveis, com plena capacidade para trabalhar."

O presidente do INSS, Marco Antônio de Oliveira, assegurou que o grupo ficava com a metade do valor do benefício. Se o beneficiário não repassasse o dinheiro, a concessão era cortada. Oliveira confirmou ainda que desde 2003 foram realizadas 169 ações para combater as tentativas de retirar recursos da Previdência, resultando em 238 servidores presos, 387 demissões e 1.300 servidores com outras penalidades. "Só em 2008, tivemos 28 ações e 51 servidores presos, além de 40 demissões."

Operação - A PF informou que cumpriu ordens judiciais de bloqueio de contas bancárias, seqüestro de imóveis e de apreensão de veículos utilizados pelos integrantes da equipe. Além de São Bernardo, foram emitidos mandados de prisão e apreensão em Santo André, Diadema, Mogi das Cruzes, Americana, Campos do Jordão, Guarujá, Bertioga, Santos, Itanhaém e Montes Claros (MG).

Clima eleitoral - Luiz Marinho avisou que não pretende faturar politicamente com o episódio, já que os políticos envolvidos com o esquema integram a base dos principais rivais Alex Manente (PPS) e Orlando Morando (PSDB). "Os candidatos majoritários não podem ser responsabilizados. Não vamos utilizar desta prática para fazer acusação. O importante é que as pessoas sejam punidas e o INSS faça a revisão dos benefícios."

 Morando evitou o assunto. "Quero acreditar que não tenha motivação pela aproximação com a eleição. Não sei quem foi preso, mas espero que não hajanenhuma conotação política."




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