Língua de sinais ajuda surdos, deficientes auditivos e ouvintes a conversarem
Aprender a se comunicar é necessidade de todo ser humano que deseja se fazer entender e compreender. Entre os inúmeros idiomas espalhados pelo mundo, também há espaço e maneiras para que as pessoas com surdez (incapazes de ouvir) ou que tenham problemas auditivos também interajam entre si e com o universo ao seu redor. No País, tudo é feito por meio da Libras (Língua Brasileira de Sinais), na qual mãos e movimentos são usados para criar representações de letras do alfabeto, palavras prontas e simbologias.
Em Santo André, alunos com surdez estudam no Polo Bilíngue, localizado na Emeief Nicolau Moraes de Barros, onde aprendem Libras e Português. “É muito bom poder me expressar com outras crianças e pessoas que não sejam surdas”, conta Maria Eduarda dos Santos, 13 anos, que conversou com o Diarinho com ajuda de intérprete (pessoa que atua como intermediária entre indivíduos que não falam a mesma língua). Ela revela que os movimentos e símbolos feitos com as mãos são complementados com expressões do rosto e movimentos da boca.
A andreense estuda há dois anos no local, também aberto a ouvintes dispostos a conhecerem mais sobre as possibilidades dos sinais. Em casa, é a única que nasceu sem ouvir e faz de tudo para interagir com todos. “Minha mãe já aprendeu a falar um pouco de Libras. Além disso, consigo, com alguns gestos, conversar com as outras pessoas da família. Ouço bem pouco, não sendo suficiente para me comunicar sem os sinais”, explica a menina.
Detalhe que Maria Eduarda é capaz de falar certas palavras. É preciso lembrar que nem todo surdo é mudo. Há pessoas que não escutam e que conseguem desenvolver certa oralidade, falando bem pouco e emitindo certos sons, mas não é regra.
Giovanna Branco Silva Carillo e Vinícius Pereira Araujo, ambos com 11 anos, escutam perfeitamente, mas viram necessidade de aprender Libras para se comunicarem com os amigos surdos. “É muito legal poder conhecer outra língua. Não podemos deixar essa barreira por causa da linguagem diferente”, diz Giovanna.
Para Vinícius, um dos projetos que mais gostou no Polo Bilíngue foi a confecção de gibi. “Nos divertimos e, quando passamos a nos comunicar, nos tornamos ainda mais iguais.”
Pólo Bilíngue também ensina Língua Portuguesa
Pessoas surdas e deficientes auditivos não estudam somente o universo da Libras. É importante que todos conheçam a Língua Portuguesa de maneira geral. No Polo Bilíngue, em Santo André, os estudantes aprendem escrita e leitura básica do Português, como ocorre em escolas regulares.
Esse tipo de aprendizado pode ser complexo em determinados momentos. Certas questões, a exemplo do tempo verbal das frases, assim como suas composições, são melhorados ao longo do tempo e exigem paciência dos envolvidos na aula.
A maioria das crianças surdas nasce em famílias de ouvintes. Por isso, só aprende Libras quando entra na creche ou na pré-escola. Ao fim desse período, espera-se que a criança consiga narrar histórias simples na língua de sinais.
O importante é que os alunos tenham sempre forte apoio visual sobre os elementos da escrita, como a presença de palavras, figuras e os sinais correspondentes. Cartazes formados com a união dessas referências são essenciais e possuem forte apelo visual forte para ajudar os pequenos participantes.
Animação tem protagonista surda
Com o objetivo de estimular a sociedade a ser mais compreensiva e inclusiva, uma animação brasileira tem chamado a atenção na internet. Trata-se de Min e as Mãozinhas, produção considerada a primeira do mundo a ensinar Libras por meio de linguagem de sinais em pequenas histórias infantis. O canal do desenho no YouTube foi inaugurado em setembro e conta com o primeiro episódio, com duração de pouco mais de oito minutos.
A estrela do projeto é a garotinha Min, que não ouve. O objetivo é que seu cotidiano fantástico ajude o público a aprender comunicação básica refente ao mundo dos surdos, como dizer ‘bom dia’ e ‘boa noite’, além de explorar curiosidades sobre esse universo, a exemplo de mostrar como funciona a campainha de uma casa – lâmpada se ascende avisando que alguém chegou.
A produção da primeira temporada, com 13 episódios, busca apoio financeiro por meio de financiamento coletivo on-line (www.apoia.se/mineasmaozinhas).
De acordo com pesquisa realizada em 2010 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 9,8 milhões de brasileiros possuem deficiência auditiva, o que representa 5,2% da população do País. Deste total, 2,6 milhões são surdos e 7,2 milhões apresentam grande dificuldade para ouvir
Consultoria de Adriana Aparecida Mafra da Silva, professora da sala bilíngue, e Patrícia Cosso Hashiguchi, intérprete de Libras, ambas do Polo Bilíngue de Santo André.
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