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Correr molha mais
Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
01/11/2009 | 07:40
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O que você faz quando quer fugir da chuva e está sem proteção? Se costuma disparar para um lugar coberto, imaginando que não ficará ensopado, prepare-se para uma surpresa. Em geral, correr molha mais do que andar sob o aguaceiro.

Se as gotas de água caírem bem na vertical (retinhas), ao andar, molharão apenas cabeça e ombros. No entanto, se correr, os pingos atingirão rosto, peito, barriga, braços e pernas; é como se estivesse pegando com seu corpo os pingos que já passaram por sua cabeça e ainda não chegaram ao chão.

É claro que isso só vale se considerarmos que o tempo de corrida e o de caminhada são iguais, pois, dependendo da distância a ser percorrida, ao andar permanecerá mais minutos embaixo do toró. Assim, ficará encharcado do mesmo jeito.

Por outro lado, quando chove com vento forte, as gotas caem de forma inclinada. Nesse caso, independentemente de correr ou andar, se molhará com a mesma intensidade.

A pergunta é tão complicada que até os Mythbusters - Caçadores de Mitos, programa transmitido no Discovery Channel, fizeram diversas experiências para descobrir a resposta. Eles chegaram à conclusão de que, dependendo das condições, a pessoa que andar sob um temporal se molha um pouquinho menos.

É melhor esperar - Guilherme Carvalho Avona, 7 anos, de São Bernardo, já fugiu várias vezes de temporais e acredita que correr é a melhor saída. "Mas é perigoso porque a gente pode escorregar, tropeçar e cair", afirma. O garoto, que estuda no Colégio Dona Leonor Mendes de Barros, não gosta de tomar chuva. "Toda vez que isso acontece, fico resfriado." O melhor, segundo Guilherme, é procurar um lugar protegido e esperar parar.

Sua colega Isabela Costa Alves, 10, de São Bernardo, sabe que a chuva é importante para o planeta, mas lembra que também pode ser perigosa. "Quando começa a chover muito, ligo desesperada para a minha mãe e pergunto se está tudo bem", conta.

Consultoria de Pierluigi Piazzi, professor de física e conferencista, e Cláudio Furukawa, físico do Instituto de Física da Universidade de São Paulo

Tempestades ocorrem mais no verão
A chamada estação das chuvas no Brasil começa agora, na primavera, nas regiões Sudeste (que inclui o Estado de São Paulo), Centro-Oeste e Sul da Amazônia, terminando apenas no fim do verão, em março. É a época em que são comuns chuvas fortes e rápidas, com pingos grossos e gelados. Em geral, essas tempestades são acompanhadas por ventanias, granizo (pingos congelados) e muitos raios.

Isso ocorre porque nessa época, a área em que vivemos recebe mais raios de sol. E o calor provoca maior evaporação da água de mares, rios, lagos e florestas. Com isso, o ar quente e a umidade ficam concentrados no centro do País, formando nuvens gigantescas com até 13 mil metros de altura, chamadas Cumulonimbus, responsáveis pelas tempestades.

Nas outras regiões é diferente. Apesar de no Nordeste também chover mais no verão, as fortes chuvas concentram-se apenas entre fevereiro e março. No Norte, chove o ano todo; no Sul, ocorrem com mais frequência no inverno.

Neste ano, a previsão é de que a quantidade de chuvas em dezembro seja duas vezes maior que a registrada em setembro.

Consultoria de Naiane Araújo, meteorologista do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Inpe

Chuvarada pode causar muitos estragos
As tempestades tornam-se mais perigosas em áreas urbanas, por provocar enchentes, quedas de árvores e desmoronamentos de morros. Emili Joplin, 9 anos, de Santo André, sempre teve medo de que a chuva forte destruísse o barraco em que vivia. "A gente ia correndo pra casa da minha tia e ficava esperando parar", lembra.

Esse medo também acompanha Isabela Costa Alves, 10, de São Bernardo. Há alguns anos, sua casa foi invadida pela enchente. "O quintal ficou todo alagado, e a casa, coberta de barro. Um armário teve de ir para o lixo. A torneira de água quente não funcionava mais", conta. A garota, que ainda teme aguaceiros, dormiu por um bom tempo na cama da mãe com receio de que algo parecido ocorresse novamente.

Grandes vilões - Quando jogado em locais inadequados, o lixo entope bueiros e córregos, impedindo que a água escorra naturalmente, o que provoca enchente. Grandes áreas cobertas por cimento e asfalto também atrapalham, porque a água não é absorvida pelo solo. Outro problema ocorre pelo desmatamento de morros para a construção de casas. Sem vegetação, a terra desliza e leva tudo o que tem na frente.

Saiba como se proteger
Em dia de tempestade, o melhor é ficar dentro de casa. No entanto, se for pego de surpresa na rua, procure um abrigo seguro, como escola, loja. Jamais fique debaixo de árvores. Caso perceba que o local está enchendo, procure uma área mais alta para ficar. Só saia de lá quando a água abaixar.

Saia da piscina e largue o futebol assim que começar a chover para não correr o risco de ser atingido por uma faísca elétrica do raio. Não permaneça em locais descobertos.

Nunca tente atravessar áreas alagadas. Você pode cair em bueiros sem tampa ou em buracos escondidos. Além disso, a força da água pode arrastar pessoas e automóveis.

Evite o contato com água de enchente, pois é cheia de sujeira e pode transmitir doenças,  como a leptospirose, que pode matar.

Em casa, a dica é tirar aparelhos da tomada, fechar portas, janelas e o registro de água. Se morar em morro ou perto de córrego, procure abrigo seguro. Leve com você seu bichinho de estimação.

VOCÊ SABIA QUE o guarda-chuva foi criado há cerca de 3.400 anos? Na época, os reis da Mesopotâmia (onde hoje fica o Iraque) utilizavam um objeto semelhante para protegê-los, principalmente do sol forte. Os egípcios usavam o acessório em cerimônias religiosas. Imagens de guarda-chuvas estão presentes em vasos gregos com mais de 2.300 anos

O GRANIZO (pedrinhas de gelo) forma-se apenas nas gigantescas nuvens Cumulonimbus. Dentro delas, a temperatura é muito fria, cerca de 40°C abaixo de zero, por isso, as minúsculas gotinhas de água se congelam. Quando a nuvem não suporta mais a grande quantidade de pedrinhas, elas caem na superfície da Terra. As chuvas desse tipo são comuns no verão, em regiões quentes

O PLUVIÔMETRO é o aparelho usado para medir (sempre em milímetros), a quantidade de chuva que cai em determinado local num período de tempo. Se o recipiente acumular, por exemplo, 10 milímetros (que equivale a 1 centímetro) de água, significa que choveu 10 litros em 1 metro quadrado (área de 1 m de largura por 1 m de comprimento de chão). Está presente em estações meteorológicas

RAIO é uma faísca elétrica muito forte, que se forma dentro das nuvens. Trata-se do fenômeno natural que mais mata no planeta. Na África, por exemplo, as girafas temem mais os raios do que os leões (seu predador natural), pois são sua principal causa de morte. Apesar do perigo, o raio é muito importante para a natureza, porque ajuda a limpar as impurezas do ar

PARA-RAIOS é um cano de metal com ponta, ligado a fios de cobre ou alumínio que vão até o chão. Em geral, fica no alto dos edifícios para atrair relâmpagos, que são levados ao solo sem causar danos às residências. Sem o para-raios, os eletrodomésticos seriam estragados devido à eletricidade presente nos raios. Foi criado em 1752 pelo norte-americano Benjamin Franklin.

CHUVA ÁCIDA é a que está contaminada por gases eliminados principalmente pelas indústrias e veículos, como consequência da poluição atmosférica. Cai, em geral, em centros urbanos, trazendo problemas para a natureza e o homem: mata plantas e animais, contamina o solo e a água de rios e mares. Também destrói monumentos, pois o ácido corrói pedras e metais




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