A britânica TVR, comandada por um grupo de investidores que eram da McLaren, quer usufruir das condiçoes especiais do Regime Automotivo do Nordeste para fabricar o esportivo Cerbera, modelo de US$ 100 mil que neste domingo é produzido na Inglaterra. O projeto inicial era de instalar a unidade no Rio Grande do Sul, mas, a exemplo da Ford, o grupo desistiu do projeto porque nao teria encontrado receptividade do governo Olívio Dutra.

Segundo Benito Gama, que acaba de visitar a fábrica da TVR em Londres, o investimento deve ser de US$ 22 milhoes a US$ 30 milhoes, para a produçao de 700 carros por ano. A grande vantagem da implantaçao do projeto na Bahia sao os incentivos fiscais. As montadoras beneficiadas pelo Regime Automotivo do Nordeste têm 32% de reduçao no IPI dos veículos produzidos e nas importaçoes de componentes, além de ICMS 75% menor e isençao do Imposto de Renda por 10 anos.

"A empresa disse que tem outras opçoes e ainda nao definiu onde vai instalar o projeto. Mas, com certeza, terá grandes vantagens indo para a Bahia", afirma Gama. Segundo ele, os incentivos fiscais permitirao ao grupo recuperar seus investimentos em apenas dois anos. Gama faz as contas considerando a venda das 700 unidades produzidas por ano a US$ 100 mil cada, o que proporcionaria um faturamento bruto de US$ 70 milhoes/ano. Com reduçao de IPI e ICMS, a margem de lucro ficaria em torno de 20%, ou US$ 14 milhoes ao ano, avalia.

As negociaçoes com a Hyundai e com a Kia também estao avançadas, informou o secretário. O negócio só nao foi ainda fechado por um problema burocrático, afirma. É que a Hyundai comprou a Asia Motors, que estava falida, e, com ela, 28% das açoes da Kia. Como tinha anunciado há dois anos a construçao de uma fábrica no Pólo de Camaçari, no terreno onde será erguida agora a fábrica da Ford, a Asia usufruiu do desconto na alíquota de importaçao concedido pelo governo federal para todas as montadoras instaladas ou com projeto de instalaçao no Brasil.

Em funçao disso, está inadimplente com a Receita Federal. Gama nao quis revelar o valor da dívida, mas o Jornal do Brasil apurou que ela ultrapassa a cifra de US$ 100 milhoes. Esse problema está afetando também a Kia, associada ao grupo. "A Kia nao é inadimplente. Ela está sendo contaminada pela Hyundai", afirma Gama.

Segundo ele, a Kia está decidida a investir US$ 136 milhoes para produzir 30 mil utilitários Besta no estado. O projeto está sendo capitaneado pelo empresário paulista José Luiz Gandini, presidente da Kia Brasil e proprietário da rede de concessionárias da marca no país. A intençao inicial de Gandini era de instalar a fábrica em Itu, município situado 92 km a noroeste de Sao Paulo, mas os incentivos baianos o fizeram mudar de idéia.

A Hyundai está se associando ao grupo CAOA, do empresário Carlos Alberto de Oliveira, o maior revendedor Ford do país. A intençao é produzir veículos de passeio na Bahia.

De acordo com Gama, o estado tem condiçoes de bancar a renúncia fiscal para trazer as montadoras pois suas contas estao equilibradas. "A situaçao fiscal do estado é privilegiada. Apenas 53% de nossa receita está comprometida com a folha de pagamento. Com o fundo de previdência que acaba de ser criado, esse valor vai diminuir para 43% em três anos, o que nos dá fôlego para conceder os incentivos".