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Internação de Chirac reaviva guerra interna na direita francesa
Da AFP
05/09/2005 | 15:07
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A internação do presidente francês, Jacques Chirac, que se recupera de um leve problema vascular, fez aflorar a rivalidade dos líderes de seu partido, a UMP (União por um Movimento Popular) ,e a direita francesa avalia as conseqüências políticas de uma deterioração da saúde do governante.

Um grave problema de saúde de Chirac acabaria com seu plano de uma candidatura para as eleições presidenciais de 2007 e a questão começa claramente a preocupar os membros do UMP. Além disso, esta debilidade física se acrescentaria aos problemas de popularidade de Chirac depois vitória do 'não' à Constituição Européia em um referendo celebrado na França em maio.

O primeiro-ministro francês, Dominique de Villepin, qualificou os temores da direita de "especulações políticas" sem nenhuma relação com a realidade atual. No entanto, é inegável que a hospitalização de Chirac multiplicou as críticas e a troca de farpas entre os dois pilares da administração Chirac: Villepin e Nicolas Sarkozy, presidente da UMP e ministro do Interior.

"Isto não é mais um poder político, parece uma série de televisão", resume o editorial do jornal Liberation, que tem o título "Dallas", numa referência ao famoso seriado americano. "Sarkozy, a ruptura, Villepin, a fidelidade e a continuidade", resume o Figaro.

Para muitos está claro que a fragilidade física de Chirac abriria o caminho de Sarkozy para a presidência em 2007. O titular da pasta do Interior espera ser escolhido o candidato da UMP para as eleições e seu grande obstáculo é justamente Chirac, que ainda não anunciou se tentará um novo mandato ou não. "Nada, realmente nada nem ninguém poderá me impedir de chegar até o fim e tentar estar à altura das eleições de 2007", declarou Sarkozy nos últimos dias.

Porém, a tarefa não será tão simples. Chirac foi a estrela da reunião dos jovens da UMP celebrada no final de semana em Baule (oeste da França), na qual Sarkozy esperava reaparecer com força. "Chirac, Chirac!", gritavam os militantes da UMP, algo que não acontecia há muito tempo no partido, dividido inevitavelmente entre os veteranos, naturalmente fiéis ao presidente, e as novas gerações, mais ligadas a Sarkozy.

Enquanto a figura de Chirac se apaga pouco a pouco para um terceiro mandato, os incondicionais ao presidente apostam na figura de Villepin como herdeiro natural e homem da continuidade. O próprio primeiro-ministro lembrou à juventude da UMP a trajetória comum percorrida com Chirac nos últimos anos e a necessidade de seguir sendo fiéis ao presidente da República.

Sarkozy se mostrou mais batalhador e pediu uma "ruptura em relação aos últimos 30 anos". Em referência indireta às medidas anunciadas por Villepin para favorecer o "crescimento social", o presidente da UMP afirmou estar "farto" de "discursos intermináveis que falam de justiça e progresso social".




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