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Excesso de velocidade gera 30 multas por hora no Grande ABC

Infração corresponde a 31,44% do total de multas de trânsito aplicadas em quatro cidades no 1º semestre

Daniel Macário
29/10/2018 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC

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 Levantamento feito pelo Diário com base nos dados fornecidos por quatro prefeituras da região (Santo André, São Bernardo, Mauá e Ribeirão Pires) mostra que, no primeiro semestre deste ano, 31,44% do total de multas de trânsito aplicadas pelos municípios foram relacionadas ao excesso de velocidade. Foram registradas 133.142 infrações do tipo entre janeiro e junho, o correspondente a 30 por hora.

Embora o volume de motoristas autuados por circular em velocidade até 20% superior ao permitido nas vias públicas urbanas das quatro cidades analisadas tenha caído 34% em relação ao seis primeiros meses de 2017 – quando 202.948 pessoas foram notificadas –, a infração continua sendo observada em níveis altos, tendo em vista o risco que representa à vida, destacam especialistas.

De acordo com o artigo 281 do CTB (Código de Trânsito Brasileiro), transitar em velocidade superior à máxima permitida em até 20% é considerada uma infração média sujeita a multa de R$ 130,16 e mais quatro pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação).

Vista por especialistas como infração que coloca em risco não apenas a vida do motorista, como também de terceiros, o excesso de velocidade no trânsito representa falta de respeito em relação às norma de trânsito pelos condutores da região. “Isso mostra que as pessoas cometem infração com consciência do que estão fazendo”, observa o chefe do departamento de medicina de tráfego da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), Dirceu Rodrigues Alves Júnior.

A tese do especialista é a de que, além da deficiência na formação de condutores, existe falha na fiscalização das leis de trânsito. “Temos um sistema de fiscalização frágil, que não dá conta de flagrar todos os usuários que infringem a velocidade. Os aplicativos, por sua vez, têm ajudado motoristas a burlar o sistema, o que acarreta na imprudência dos condutores.”

Exemplo disso pode ser observado em estudo feito em rodovias da região pela empresa Cobli. O levantamento da startup especializada em gestão de frota mostra que um a cada 20 veículos que transitaram pela Rodovia dos Imigrantes, entre janeiro e abril deste ano atingiu velocidade de até 155 km/h, ou seja, índice acima do permitido na estrada, que varia de 80 km/h a 120 km/h a depender do trecho. Para especialistas, os riscos da direção em alta velocidade são inúmeros, como a maior probabilidade de colisões traseiras.

Nos dados repassados pelas prefeituras, o avanço de sinal vermelho também ocupa o topo das infrações mais cometidas pelos motoristas.Foram 103.343 multas entre janeiro e junho deste ano – volume maior do que as 80.416 autuações do tipo contabilizadas no mesmo período do ano passado.

Juntas, três cidades arrecadaram R$ 52 mi
A arrecadação com multas na região segue em alta. Levantamento feito pelo Diário a partir de dados fornecidos por três prefeituras (Santo André, São Bernardo e Ribeirão Pires) mostra que os cofres públicos foram preenchidos – entre janeiro e junho – com a quantia de R$ 52 milhões oriundos de infrações de trânsito. índice 42% superior ao mesmo período do ano passado quando, juntas, as três cidades angariaram R$ 36,6 milhões.

O aumento no volume de recursos financeiros arrecadados, segundo as prefeituras, reflete a alta do número de infrações de trânsito aplicadas a motoristas das três cidades – passou de 306 mil para 308 mil no período.

Apesar de o artigo 320 do CTB (Código de Trânsito Brasileiro) prever que toda verba proveniente de infrações de trânsito deve ser revertida em prol de melhorias do sistema viário, a região ainda engatinha quando o assunto é investimento público para melhorias de sinalização e de fluidez do trânsito.

MAUÁ
De acordo com a Prefeitura de Mauá, o município reduziu neste ano em 24% o número de infrações de trânsito. No primeiro semestre foram 115.363 notificações, contra 152.602 no mesmo período de 2017. Cobrada sobre a arrecadação com as multas, a administração municipal não retornou aos contatos até o fechamento desta edição.

As prefeituras de São Caetano e Diadema, por sua vez, não responderam aos questionamentos feitos pela equipe do Diário na última semana. Rio Grande da Serra não conta com fiscalização de trânsito.




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