Este inédito projeto teve início na longínqua Barra do Chuí (RS), ponto mais meridional do país. Logo na largada, o fotógrafo Paulo Rollo e a cinegrafista Elis Machado desprezaram o asfalto conservado da BR 116, optando pela irmã abandonada BR 101, mais conhecida por lá como "estrada do inferno" – suas condições fazem jus ao nome! Cruzaram rapidamente Santa Catarina, o Paraná e o frio intenso do sul foi ficando para trás, mais especificamente em Foz do Iguaçu – a etapa final do raide será chegar à Ponta do Seixas, na Paraíba, primeira localidade a ver o sol nascer diariamente em nosso território.

Durante os quatro meses desta expedição, vinte e dois estados serão visitados. Nada menos que 25.000 km serão percorridos em estradas oscilando entre o primeiro mundo e o abandono total, empreitada perfeita para um Pajero. Confira os depoimentos do casal aventureiro sobre a segunda etapa:

Para nós, foi importante rever Foz. O Parque Nacional do Iguaçu passou por total reestruturação, numa iniciativa tão bem sucedida que os resultados já são visíveis, principalmente na enorme quantidade de visitantes europeus que pudemos observar por lá. A bem da verdade, trata-se de um dos lugares mais belos do planeta. É de encher os olhos. Quem ainda não foi, deveria ir. Em minhas aventuras de carro pelo mundo tive o privilégio de conhecer as três quedas mundialmente mais famosas: Niagara Falls, encravada entre o Canadá e os EUA, Victoria Falls, na África e Iguaçu Falls. Todas são belas mas, a meu ver, as do Iguaçu são ainda mais bonitas.

A 500 km dali, ao chegarmos em Dourados (MS), nem dava para acreditar que passamos tanto frio no sul. Ao entardecer, os douradenses degustavam chope nas mesas estrategicamente dispostas nas largas calçadas, cheias de barzinhos.

Quando o asfalto chega e, neste caso, milhares de quilômetros aguardam ser devorados, que bela companhia está sendo o DVD, instalado pela Pioneer no nosso TR4. Entretenimento para o passageiro, claro! Filmes, shows e seriados. Muito mais interessante do que pensávamos.

Do MS seguimos para o Mato Grosso, sempre por asfalto, diretamente para o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães que, junto com o Pantanal, é um dos marcos da beleza do MT o que, definitivamente, não é pouco! Em alguns dias seguimos nossa jornada até Rondônia, ansiosos por seguir para o Acre. E assim fizemos afinal, este é o grande prazer em se viajar de forma aleatória. Conselho de viajantes veteranos: nunca deixe tudo muito bem programado, pois a viagem pode se tornar estressante. Deixe correr solto.

Em Rio Branco as informações eram confusas sobre a BR 364, que nos levaria ao ponto mais ocidental brasileiro. Explica-se: a pseudo-estrada é tão ruim e perigosa que praticamente não é usada. Quando chove, fica intransitável, tal o grau de grude da lama que se forma. Nos restava ir lá conferir, abandonando os conselhos acreanos, quase em coro, de ‘desistam’... E o TR4 se saiu muitíssimo bem. Foi bastante solicitado, quase "ficou" duas vezes (que lama!) e, o pior trecho que, estimaram, duraria três dias, foi detonado em apenas 5 horas!

Por fim, uma descoberta: Boqueirão da Esperança aparece apenas no mapa mas, na prática, não existe. Concluímos que o ponto mais ocidental do Brasil, por terra, é o município de Mâncio Lima, distante 720 km a oeste de Rio Branco. Neste momento o TR4 soma 14.161 km. Estamos retornando para Porto Velho, de onde tentaremos cruzar a mística BR 319 rumo a Manaus, o que não será fácil.