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Motorista consagra o uso do gás natural
Nilton Valentim
Do Diário do Grande ABC
27/08/2002 | 19:19
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Em tempos de bolso vazio, todas as alternativas para economizar são válidas. Imagine rodar com um combustível em média 60% mais barato do que a gasolina e que também agrida menos o meio ambiente do que a gasolina. Foram esses os atrativos que levaram até agora mais de 360 mil motoristas brasileiros a migrar para o GNV (Gás Natural Veicular). De negativo, o combustível alternativo tem a perda de até 20% na potência do motor e o custo da conversão, que varia entre R$ 2 mil e R$ 5,1 mil, de acordo com o tipo do veículo, mas que, dependendo de quanto o motorista rode por dia, se paga em até um ano com a economia obtida.

Apesar das vantagens, o combustível não é uma boa opção para todos. “O GNV é indicado para aqueles motoristas que usam o carro de forma intensiva”, afirma o gerente nacional de GNV da Petrobrás, Clenardo Fonseca. Portanto, a economia está diretamente relacionada a quanto o carro roda por dia.

“Acredito que já economizei uns R$ 4,5 mil”, afirma o administrador Celso Luiz Vallero, que converteu para GNV sua Kombi (ano 1990) em 1998 e roda em torno de 300 km por dia. A experiência foi tão boa que ele acaba de converter uma outra Kombi, ano 1994, para o gás. “Eu aconselho as pessoas a optarem pelo GNV não apenas pela economia, mas também pelo controle da poluição. A nossa gasolina hoje tem muita mistura. Temos de pensar também na saúde.”

João Carlos Paulino também converteu sua Kombi (ano 1992) no início de 1998 e neste período não teve “nem um segundo de arrependimento”. Ele trabalha com entrega de alimentos, roda em torno de 130 km/dia e tem um custo diário de R$ 7. “Se andasse com gasolina, gastaria uns R$ 20.”

Paulino e Vallero dizem-se satisfeitos com o GNV e não reclamam nem sequer da época em que havia poucos postos do combustível (apenas um na região) e os motoristas tinham de enfrentar longas filas para abastecer. “Cheguei a esperar até 2h30”, diz Vallero. “Eu acordava às 4h30 para ir para a fila”, afirma Paulino. Com o passar do tempo e o crescimento do número de postos de abastecimento na região – hoje são nove – esse problema foi superado. “O número de postos de GNV cresce a cada dia. O Brasil conta hoje com mais de 400 e São Paulo já tem 120”, diz Clenardo Fonseca.

Assim como os postos de abastecimento, as oficinas convertedoras também se multiplicaram. Em um prazo máximo de seis horas – “depende do modelo, um veículo carburado fica pronto em até duas horas”, segundo o gerente de vendas da Trevo Gás, Aurélio Bossarli –, o carro é convertido e passa a rodar tanto com seu combustível original quanto com o GNV. “Hoje realizamos uma média de seis conversões por dia em nossa loja de Santo André e uma em Mauá”, conta Sandra Piacenti Tuma, proprietária da Natural Gás. Taxistas, profissionais liberais que utilizam o carro para trabalho, frotistas e até particulares que compram veículos de grande porte estão entre os principais clientes.

Com a popularização do uso do GNV alguns dos mitos que cercam o novo combustível ficam de lado. O principal deles é o risco de explosão ou combustão. Hipótese praticamente descartada pelo coordenador do Organismo de Inspeção do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade), Antonio Torres. “O gás é o mais seguro dos combustíveis. Sua combustão ocorre a 620º C, enquanto o álcool inflama a 200º C e a gasolina a 300º C. Além disso, ele se dissipa no ar e o veículo dispõe de dispositivos de segurança.”

Outro mito entre os potenciais usuários é a possibilidade de aumento de preço (hoje em R$ 0,69 o metro cúbico), possibilidade descartada pelo gerente da Petrobrás. “Isso não deverá ocorrer até por uma questão de lógica de mercado. Se tivesse de aumentar, isso ocorreria na época das longas filas. Hoje a demanda é bem maior do que a procura”, afirma Clenardo Fonseca. Ele revela que a intenção é, até 2005, atender a 5% da frota brasileira – estimada hoje em 20 milhões de veículos –, o que significa ter um milhão de carros movidos a GNV nas ruas e estradas do país.

Para o engenheiro Renato Romio, do Instituto Mauá de Tecnologia, de São Caetano, a tendência é que as montadoras passem a lançar veículos já equipados com kit de gás, o que garantiria a baixa emissão de poluentes e poderia minimizar o problema da perda de potência dos motores convertidos.




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