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Diniz conta sobre o acidente para revista
Do Diário OnLine
04/08/2001 | 19:11
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O empresário João Paulo Diniz concedeu uma entrevista à Revista Veja e falou sobre a queda do helicóptero do Grupo Pão de Açúcar, que caiu na praia de Maresias no último dia 27 de julho.

Diniz relatou que quando caíram no mar, as ondas estavam altas, com muito vento e chuva, além de escuridão total. Diniz e a namorada, Fernanda Vogel, nadaram por algum tempo sem sair do lugar. Ele chamava a modelo, mas ela dizia que estava muito cansada. “Na tentativa de animá-la, passei a nadar mais rápido. Eu me distanciava 5 ou 10 metros, no máximo. Chamava por ela e, ao ouvir a resposta, voltava para buscá-la. Fiz isso algumas vezes. Em determinado momento, chamei por Fernanda e não ouvi resposta. Voltei para pegá-la assim mesmo, mas não havia ninguém. De repente, Fernanda respondeu, mas o som vinha de outra direção. A escuridão era total. Nadei rumo ao som, mas não a encontrei. Nadei por dez minutos, em círculos, mas não a localizei. Resolvi então nadar até a praia em busca de ajuda", contou.

João Paulo Diniz, 37 anos, e Fernanda Vogel, 20, namoravam há dois meses. Além do casal, o co-piloto, Luís Roberto de Araújo Cintra e o piloto Ronaldo Ribeiro também foram vítimas da tragédia. Cintra conseguiu nadar até a praia, mas Ribiero, assim como a modelo, não resistiu e morreu afogado.

O empresário ia para a casa de praia da família, em Maresias, no litoral Norte de São Paulo, quase todos os finais de semana. O percurso realizado por estrada tem duração aproximada de três horas, enquanto que de helicóptero, reduz a apenas 30 minutos.

Os quatro decolaram de São Paulo às 18h05. Segundo Diniz, em nenhum momento foi conversado sobre as condições do tempo ou sobre o vôo. “Apenas entramos no helicóptero e decolamos", afirma. Além disso, ele contou que o casal não usou cinto de segurança.

Segundo Diniz, não houve uma única turbulência e no horário previsto o piloto baixou o trem de pouso, o helicóptero começou a baixar normalmente, até que se deu o inesperado. "Numa fração de segundos, estávamos debaixo d'água, de ponta-cabeça e no escuro", revelou.

Ele ainda contou que tentou quebrar o vidro e tirou a namorada pelo lado esquerdo do helicóptero, que ficou com as rodas para cima. O empresário ainda colocou os três ocupantes sobre a carcaça intacta do aparelho e permaneceu na água. Os três precisaram descer porque a carcaça começou a afundar.

Diniz recomendou a todos que tirassem a roupa para nadar com mais facilidade. "O jeans pesa demais", avisou ao grupo.

"O Ribeiro estava alterado. Entrou em pânico, em desespero, e gritava: 'Vou morrer, vou morrer'.". Os pilotos tentaram explicar o que havia acontecido, mas ele não quis ouvir. "Eu falava para eles: 'pára com isso. Agora é hora de nadar' ".

Após se perder de Fernanda, ele decidiu nadar em direção à praia e pedir socorro. Entre o acidente e o momento em que os dois se perderam, passou-se aproximadamente uma hora, conta João Paulo.

O empresário nadou outros quarenta minutos sozinho. "Quando eu estava a 500 ou 600 metros da praia, achei que fosse morrer. Não conseguia dar uma braçada. Sentia uma leveza no corpo, como se nada tivesse acontecido. Estava mole, num estado de letargia. Quase me afoguei. Não sei de onde tirei forças."




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