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Tentativa de privatizar o Correio coloca em risco carreira de Koizumi
Do Diário OnLine
Com AFP
06/09/2005 | 15:03
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O primeiro-ministro do Japão, Junichiro Koizumi, coloca em risco sua carreira política para tornar realidade o sonho de privatizar o Correio, que funciona como banco no país. A objeção de grande parte da população à privatização fez com que as eleições legislativas fossem antecipadas para o próximo domingo.

Koizumi permanece no poder desde abril de 2001, muito mais do que qualquer chefe de governo japonês em duas décadas, tornando-se um dos símbolos do país. Ele também atraiu o interesse do grande público pelas eleições ao conseguir o apoio de celebridades para enfrentar os dissidentes do próprio partido, que votaram contra seu plano de privatização do Correio.

O premiê afirma que desmantelar o Correio japonês, maior instituição financeira do mundo, estimulará o setor privado, mudará a cultura política japonesa e impulsionará a diplomacia do país.

"Seu enfoque em simplificar assuntos complexos seduziu o público japonês", afirma Takashi Kato, professor de filosofia política na Universidade Seikei. "Uma das coisas que ele aprendeu nos últimos quatro anos como premiê é que pode submeter temas diretamente ao público e obter um ganho político".

Ao contrário de outros políticos japoneses, considerados desinteressantes, a sinceridade de Koizumi o lançou a um estrelato habitualmente reservado aos astros do rock no Japão. Ele sabe explorar publicamente seus gostos ecléticos em matéria musical, desde a ópera até o heavy-metal, e recebe visitas de atores de Hollywood. O líder japonês chegou a gravar um CD com músicas de Elvis Presley e cantou suas preferidas para o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.

Koizumi fomentou a amizade com Bush, que o considera um de seus melhores amigos no exterior, e afirmou que a aliança com os Estados Unidos representa o núcleo da diplomacia japonesa. Mas ele também ganhou a inimizade de países vizinhos por visitar uma vez por ano o santuário de Kazukuni, dedicado aos 2,5 milhões de japoneses que morreram em guerras, incluindo 14 criminosos condenados por atrocidades na Segunda Guerra Mundial.

Koizumi carrega sua fé na aliança com os Estados Unidos e a paixão, que alguns classificam de obsessão, pelo Correio. Seu avô Matajiro Koizumi foi ministro do Correio e das Telecomunicações. Seu pai, Junya, foi diretor da Agência de Defesa e ajudou a elaborar o acordo de 1960 que permitiu que as tropas americanas permanecessem no Japão.

Após formar-se em Economia pela elitista Universidade Keio, em Tóquio, Koizumi passou um breve período na Universidade de Londres. A súbita morte de seu pai, em 1969, obrigou Koizumi a voltar para o Japão e se dedicar à política, conquistando um posto no Parlamento em 1972.




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