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Crianças precisam estar seguras no carro

Cadeirinhas, assento elevado e cinto protegem a vida dos pequenos em caso de acidente de trânsito

Nilton Valentim
12/10/2018 | 07:26
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Denis Maciel/DGABC


A corretora Patrícia Damico, 31 anos, de São Bernardo, estabeleceu rotina para quando sai de carro, um Nissan Tiida, com os três filhos. “Estão todos sentados? Estão respirando? Colocaram o cinto?”. Só sai quando ouve um ‘sim’ para cada uma das questões. Mãe de Enzo, 9 anos, Francisco (7), Antônio (4) e grávida de uma menina, ela não abre mão da segurança das crianças.

“Eles foram acostumados a usar a cadeirinha e o cinto de segurança. Prefiro que eles reclamem e chorem por ter que colocar o equipamento do que eu chorar por uma fatalidade gerada por descuido”, conta a corretora, que garante não ter problemas com os filhos no carro. “Na escola eles aprendem sobre isso, sabem o que pode acontecer, que quem está no banco traseiro pode ser arremessado se estiver sem o cinto”, completa.

A preocupação de Patrícia é justificada, pois no Brasil o trânsito é a principal causa de morte acidental de crianças com idades entre 5 e 14 anos, segundo dados do Ministério da Saúde. Anualmente, aproximadamente 900 meninas e meninos dessa faixa etária morrem em decorrência desse tipo de acidente. “Todos nós – família, sociedade e poder público – precisamos agir para oferecer condições adequadas para que crianças e adolescentes possam transitar de forma segura”, afirma Gabriela Guida de Freitas, gerente da ONG Criança Segura.

“O motorista é responsável não só pela segurança dele, como também das pessoas que ele transporta. Cabe a ele antes de ligar o veículo a função de certificar se todos estão com cinto”, frisa o chefe do departamento de medicina de tráfego da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), Dirceu Rodrigues Alves Júnior.

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), as cadeirinhas e dispositivos de segurança reduzem em 70% as mortes entre bebês e entre 54% e 80% os óbitos de crianças. Ano a ano, ações de conscientização são criadas para contribuir com trânsito mais seguro. Uma delas é o Selo Laço Amarelo, aderido pelo Observatório Nacional de Segurança Viária, que visa chamar a atenção para a importância de manter as crianças mais seguras dentro do veículo.

Alves Júnior destaca que, em se tratando de criança, a atenção precisa ser redobrada. “Não basta ter apenas cadeirinha. É importante verificar se o produto tem selo do Inmetro (Instituto do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e estar com atenção redobrada durante toda a viagem.”

Segundo a especialista em educação digital e diretora de produtos da Procondutor, Claudia de Moraes, a falta de conhecimento do motorista e a negligência são algumas das principais causas para este tipo de infração. “Muitos deles desconsideram que acidentes podem acontecer com qualquer pessoa. Deste modo, além de colocarem a própria vida em risco, põem também a vida das crianças, sendo que o transporte delas é de responsabilidade destes condutores”, afirma.

A especialista acredita que é possível mudar o comportamento de muitos motoristas com ações de educação e conscientização. “O brasileiro tem a crença de que a educação no trânsito não é importante, talvez porque ele tenha contato com o tema somente quando vai tirar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação). Por ser tão relevante, o tema deveria ser discutido em diferentes momentos da formação educacional do cidadão, ou seja, desde o Ensino Fundamental, passando pelo Ensino Médio e, também, no momento da emissão da habilitação. O Brasil é o quinto país que mais mata pessoas no trânsito, com mais de 47 mil mortes por ano, portanto, esse assunto não deveria ser transversal nas escolas e, sim, obrigatório, para que, assim, tenhamos condutores mais conscientes do impacto de suas atitudes no trânsito”, conclui a diretora.

Além do uso de equipamentos de segurança, o consumidor deve estar atento aos testes de segurança a que os carros são submetidos. A Latin Ncap avalia os principais modelos e atribui notas (de zero a cinco estrelas) para o nível de segurança que oferecem para adultos e também para crianças.

Em 2017, o Onix, da GM, foi reprovado e a Associação Proteste chegou a pedir a retirada do veículo do mercado. A montadora se mobilizou, realizou modificações no carro e, em teste posterior, ele foi aprovado. O Toyota Corolla, por outro lado, é um dos modelos que atingiram o quesito máximo na avaliação do instituo.
Colaborou Daniel Macário 




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