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Hermès compra parte da maison de Gaultier
Paris
Das Agências
08/07/1999 | 17:39
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A tradicional casa francesa Hermès anunciou nessa quinta a compra de 35% do capital da maison do estilista Jean-Paul Gaultier. O acordo com a Hermès aumentará a distribuiçao dos produtos Gaultier, da moda aos perfumes, em vários países nos próximos cinco anos.

Fundada há mais de 150 anos, a Hermès movimenta anualmente US$ 8,8 milhoes. Já a casa de Gaultier abriu as portas em Paris em 1976 e tornou-se famosa em todo o mundo pelas criaçoes excêntricas de seu estilista. O empreendimento cresceu com a ajuda de sócios japoneses, Kashiyama e Shiseido, e italianos, como Alberta Ferretti - que fabrica os modelos prêt-à-porter.

Nestes 23 anos, o estilista Gaultier praticou a arte de misturar os gêneros, os sexos, a graça dos subúrbios e a distinçao dos bairros elegantes. Ao se associar com Hermès, o estilista de vanguarda se alia a um templo do bom gosto.

Esta aliança pode parecer estranha, mas é totalmente lógica. Apesar de provocador, Gaultier cria peças de elegância clássica. Sua irreverência está apenas na forma de combiná-las. Há três anos, o ex-ovelha negra da moda se dedica com sucesso à alta-costura.

"A costura é o respeito à tradiçao. É também um sonho da infância", disse o estilista.

Um sonho que acalentava desde os anos 50, quando era garoto e vivia em um subúrbio parisiense. Sua primeira inspiraçao foi o guarda-roupa de sua avó e seu primeiro manequim foi um ursinho de pelúcia, para quem confeccionava as roupas que via na TV.

Pierre Cardin - Gaultier estreou na profissao aos 18 anos, na maison Pierre Cardin, e trabalhou para Jean Patou, com quem, como costuma dizer, descobriu "a magia dos desfiles e as costureiras dos ateliês, que trabalham com tanto amor".

Junto com dois amigos de infância, lançou-se em 1976 à aventura de apresentar seus primeiros modelos, vestidos de palha trançada. Começou a desenvolver sua empresa com um associado japonês, a firma Kashiyama.

Suas coleçoes podem ser folheadas como uma revista em quadrinhos: cantoras de rap, gueixas atrevidas, moças vestidas de espartilho e homens com saias e sapatos de salto alto.

Foi Gaultier quem vestiu Victoria Abril no filme Kika, de Pedro Almodóvar. Ele também desenhou vários vestidos para Madonna, todos inspirados num espartilho, que ele descobriu no guarda-roupa de sua avó.

Esta peça é quase um ícone para o estilista. O vidro de seu primeiro perfume, comercializado pela Shiseido, tem a forma de um busto de mulher vestida com um espartilho. O toque final era a embalagem que protegia o frasco: um vidro de conserva.

Ao ser perguntado sobre o pulôver bicolor que sempre usa, Gaultier garantiu ser uma recordaçao de sua avó, que o vestia de azul: "É uma forma de ser clássico sendo ao mesmo tempo diferente, uma roupa que também evoca o trabalho".

Nessa quinta, em Paris, ao simbolizar a uniao entre as duas casas, Jean-Louis Dumas, presidente da Hermès, levava às costas um pulôver como o de Gaultier. Já Gaultier, invertendo os papéis, vestia um sóbrio terno escuro e uma gravata. Hermès, claro.




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