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Crédito para empresa registra aumento de 10,4%
Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
17/06/2011 | 07:30
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A demanda das empresas por empréstimos foi alta no mês passado. Somando todos os portes, a procura cresceu 10,4% em relação a abril. No comparativo anual, houve alta de 6,2% na busca dos empresários por financiamentos. Mais dias úteis no mês passado - três a mais do que em abril - foram um dos principais motivos para a elevação. Os dados são da Serasa Experian.

O ritmo de expansão do crédito para o setor no ano, porém, já é menor do que no acumulado de 2010. De janeiro a maio, a alta é de 1,1%, frente os 10,8% acumulados nos cinco primeiros meses do ano passado. O índice da consultoria cresceu 7,6% em 2010.

O gerente de indicadores de mercado da Serasa, Luiz Rabi, afirmou que a velocidade menor da oferta de empréstimos no setor decorre das medidas macroprudenciais do Banco Central, adotadas desde dezembro com intenção de encarecer o crédito e reduzir o consumo.

A expansão acentuada em apenas um mês já causa preocupação. Soma-se a isso o fato de as micro e pequenas empresas terem sido as maiores responsáveis pela puxada do indicador para cima, ao contrário das companhias de porte médio e grande.

A alta foi de 11% na demanda das menores. Companhias com maiores portes elevaram o índice em 0,6%.

Para Rabi, a conclusão é que a MPEs não têm opções em termos de financiamento a não ser com bancos, meios tradicionais. O que as deixam de fora dos recursos do BNDES, mercado de capitais, ou mesmo de verbas vindas do Exterior, por exemplo.

"Isso preocupa a saúde delas num momento de elevação de juros. Provavelmente terá aumento da inadimplência, especialmente no segundo semestre, devido ao encarecimento do crédito, que afeta as pequenas proporcionalmente mais", disse Rabi.

Cenário reforçado pelas expectativas de novos ciclos de aumento da Selic (taxa básica de juros, hoje em 12,25%).

O professor de Economia Fábio Kanczuk, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, reforça que as empresas já sentem a desaceleração econômica, apesar dos ruídos nas formas de obtenção de crédito, por meio de cheque especial e do cartão de crédito, com maiores taxas de juros.

Tudo isso irá influenciar no aumento das dívidas. "A ideia dessa conjuntura é que se deixar inchar lá na frente o estouro será muito maior. Se isso acontecer, não geraria só inflação, mas outros indicadores de preços também sofrem impactos, como de aluguel entre outros", afirmou o economista.

 

SEGMENTOS - A área de serviços foi o setor empresarial que sentiu os apertos monetários e recorreu a empréstimos em maio. Rabi afirmou que a maior parte desse segmento é composta por MPEs, que por sua vez significam 90% das companhias do Brasil. "Há poucas indústrias pequenas e no comércio existem grandes varejistas. Daí serviços é o setor mais pulverizado no clima econômico vigente", disse Kanczuk.




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