A questao é semântica: entre unificar e integrar há uma grande diferença. E um longo caminho até se quebrarem as resistências das corporaçoes - que forçaram o descarte da idéia na elaboraçao do projeto antiviolência do governo federal. A unificaçao pressupoe a existência de apenas uma polícia, para prevenir e para investigar. Fontes policiais lembram que o problema salarial dificulta essa unificaçao.
Em alguns Estados, delegados ganham mais do que comandantes da Polícia Militar. Os militares cobram a equiparaçao, o que geraria, em caso de processo de unificaçao, mais gastos para os cofres estaduais. Esse fato afasta os governadores da idéia de unificaçao e mantém o aparelho policial da forma como está em funcionamento hoje.
Sabedor do problema, o governo jogou no plano de segurança apenas a proposta de açoes integradas, que aproxima as duas polícias estaduais sem causar graves problemas que estariam embutidos na unificaçao. Três itens do Plano de Segurança mencionam a integraçao. A começar entre as polícias Federal e Rodoviária Federal, que fazem operaçoes conjuntas nas rodovias.
Até por isso, surgiu um problema: os patrulheiros argumentam que participam das mesmas açoes mas nao recebem a Gratificaçao de Operaçoes Especiais a que têm direito os agentes federais. Eles estao reivindicando o pagamento com a Operaçao-padrao nas rodovias desde a semana passada.
Essa açao também pressupoe a colaboraçao das polícias civil e militar. Desde junho, quando foi lançado o plano de segurança, duas operaçoes desse tipo foram realizadas. O segundo passo é a integraçao dos sistemas de inteligência estaduais ao núcleo similar federal. O terceiro ponto é o policiamento integrado. As propostas têm andado a passos lentos.
Mas a açao integrada das polícias tem mantido a idéia em pauta. Os resultados sao considerados significativos pelo Ministério da Justiça. Um exemplo é o combate ao narcotráfico. Os trabalhos conjuntos possibilitaram recordes de apreensao de maconha, por exemplo. De 1990 a 1999, a Polícia Federal registrou a apreensao de 213,9 toneladas da droga prensada para consumo. Somente este ano, foram retiradas das maos de narcotraficantes mais de 118 toneladas de maconha - ou 50% do que havia sido retido nos nove anos anteriores. E com auxílio fundamental da Polícia Rodoviária Federal.
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