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Maílson da Nóbrega: reforma fiscal pode nao ser aprovada
Do Diário do Grande ABC
09/04/1999 | 15:42
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Para o ex-ministro do Planejamento Maílson da Nóbrega, o governo Fernando Henrique corre o risco de terminar sem a aprovaçao da reforma fiscal. ``Ano que vem, é ano de eleiçoes municipais e em 2001 começará o processo de sucessao presidencial, o que paralisará o empenho sobre o assunto``, disse Maílson. Segundo ele, com a falta de liderança do governo no processo, foi gerado um vácuo político, preenchido pelo Congresso. Na sua opiniao, a Câmara e o Senado nao têm capacidade de criar um projeto de reforma tributária. ``Em todos os países do mundo, isso fica a cargo do Executivo', afirmou.

O ex-ministro disse ainda temer que o projeto de reforma tributária do deputado Luiz Alberto Ponte entre na pauta de votaçao. ``É um projeto de homem trabalhador que nao tem possibilidade de ser aprovado, pois a Uniao, estados e municípios se posicionarao contra. O problema é que isso pode atrasar ainda mais o processo``.

Sócio da consultoria Tendências, Maílson da Nóbrega disse que o Brasil é o primeiro país em desenvolvimento a adotar inflation targeting (meta de inflaçao). Ele cita como exemplo países que adotaram o sistema, como a Nova Zelândia, Austrália, Canadá e Inglaterra - que nao têm experimentado crescimento econômico.

Segundo ele, a adoçao da meta de inflaçao necessita de um Banco Central independente. ``O Banco Central inglês pode até criticar o ministro da Fazenda``, disse. Outra necessidade para o inflation targeting é a subordinaçao de todas políticas econômicas, principalmente a fiscal e a cambial. ``A atual política fiscal é para esse fim e pode provocar descrença', disse.

Maílson acredita que a atual política econômica tem apenas 30% de possibilidades de sucesso sem a aprovaçao das reformas, principalmente a fiscal. Caso dê errado, ele vê 20% de possibilidades de o país fechar sua economia e adotar um regime de controle cambial. Ele alertou ainda que a possibilidade de insucesso trará a inflaçao de volta. As declaraçoes foram feitas no seminário Ajuste Fiscal e Desvalorizaçao Cambial.




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