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Acusaçoes contra enfermeiro afastam pacientes de hospital
Do Diário do Grande ABC
09/05/1999 | 17:51
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O número de atendimentos no Hospital Salgado Filho, no Méier, ficou reduzido à metade no fim de semana. As acusaçoes de que o auxiliar de enfermagem Edson Izidoro Guimaraes, 42 anos, teria matado pacientes na Unidade de Pacientes Traumáticos (UPT) afastou a populaçao. O superintendente da Secretaria Municipal de Saúde, Antônio Werneck, esteve neste domingo no hospital para instalar um posto de informaçoes e preparar nota que será enviada às famílias das 225 pessoas que morreram na UPT no período em que Edson lá trabalhava. ``Temos que resgatar a credibilidade do nosso trabalho aqui', disse Werneck.

A lista dos pacientes mortos na UPT foi entregue à Delegacia de Homicídios e, a partir da lista, será feito um levantamento de quem teria morrido enquanto estava aos cuidados do auxiliar de enfermagem. A outra ponta da investigaçao da polícia sao as relaçoes entre Edson e as agências funerárias. ``Tanto nos hospitais públicos como nos privados se sabe que há corrupçao entre servidores e agentes', afirmou Werneck.

Há pouco tempo, no Salgado Filho, um funcionário do setor de telecomunicaçoes foi afastado e está sob sindicância porque aceitava gratificaçao de funerárias que indicava. ``Ele tinha todas as informaçoes sobre quem estava internado e morria', explica o superintendente, que nao quis identificar o funcionário porque as denúncias ainda estao sendo apuradas. Uma associaçao de funcionários de um hospital do município, cujo nome também nao foi revelado pela secretaria, foi fechada há cinco anos. ``Os agentes negociavam no interior da sala da associaçao o valor do suborno', conta Werneck.

Na maioria dos hospitais, tanto públicos quanto os privados, é possível identificar os papa-defuntos abordando familiares das vítimas. ``Enquanto o poder público nao estabelecer normas para ordenar o mecanismo, este comércio vai continuar assim', acredita o diretor do Salgado Filho, Flávio Silveira. A presença de funerárias nas proximidades dos grandes hospitais também é um fato comum. ``Mas os funcionários devem ter a consciência de que nao pode haver cumplicidade', avalia Werneck, que garante que parte da política da secretaria hoje é a mudança de comportamento dos funcionários.

Ainda de acordo com Werneck, os setores mais expostos à corrupçao sao a emergência, o necrotério e as telecomunicaçoes. ``Tentamos aproximar mais a família do paciente com o hospital porque, se abrir uma brecha, entra um intermediário', esclarece. No entanto, Elza Cerqueira, cunhada de uma paciente que teria sido morta pelo auxiliar de enfermagem, revela que encontrou dificuldades para obter informaçoes no Salgado Filho.

``Maria Aparecida estava morta desde às 7h50 e só às 10h30 fomos informados. E mesmo assim porque eu tenho conhecidos lá dentro', conta.




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