"Este sistema ofereceria pouca proteçao e afetaria gravemente os interesses fundamentais do país em matéria de segurança", afirmam os premiados, na carta enviada esta quinta-feira à Casa Branca e divulgada pela Federaçao de Cientistas Americanos (FAS, sigla em inglês).

Os pesquisadores argumentam que a criaçao deste sistema provocaria a retomada da "corrida armamentista" e nao faria outra coisa senao alimentar o desenvolvimento das qualidades ofensivas dos mísseis atuais.

Os Estados Unidos reiteraram que o escudo antimísseis estaria orientado principalmente contra países pequenos, como Coréia do Norte, Ira e Iraque, e nao contra Rússia ou China.

Os cientistas destacam, no entanto, que será difícil convencer Moscou e Pequim de que o sistema nao seria dirigido contra os dois países. Como conseqüência, "poderiam revidar, retomando a corrida armamentista no campo dos mísseis balísticos, e pôr seus próprios mísseis em estado de alerta", escreveram.

A idéia de enviar a carta foi de um dos pais da bomba atômica, Hans Bethe - prêmio Nobel de Física em 1967 e um dos fundadores da FAS - que prestou assessoria a vários presidentes americanos sobre temas relacionados a armas nucleares.

"Pedimos ao presidente que nao tome nenhuma decisao sobre a criaçao antes de analisar atentamente as alternativas técnicas e diplomáticas", declarou Henry Kelly, presidente da FAS, durante uma entrevista coletiva à imprensa em Washington.

Para Lisbeth Gronlund, professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT), os testes realizados pelos militares americanos sao artificiais e muito distantes da realidade. "O Pentágono definiu a ameaça de um modo muito inferior ao de uma situaçao real", declarou.

Daryl Kimball, diretor da Coalizao Pela Reduçao do Perigo Nuclear, resumiu a opiniao de "grande parte" - segundo ele - da comunidade científica americana: "o sistema de defesa antimísseis implica em graves falhas desde o ponto de vista técnico até a questao da segurança nacional".

Entre os que assinaram a carta - todos americanos ou que viveram durante boa parte de sua vida nos Estados Unidos - estao 21 prêmios Nobel de Física, 14 de Biologia, 11 de Química e 4 de Economia.