Os militares devem assumir a culpa pela morte, segundo o advogado dos acusados, Marcos Ribeiro Freitas. Eles devem explicar o motivo que os levaram a atirar na vítima, já que um laudo residuográfico, divulgado na última terça, concluiu que o dentista não atirou contra os policiais.

Eles também deverão esclarecer aos investigadores como montaram a cena do crime para dar a entender que Flávio teria reagido ao ser abordado - os policiais colocaram uma arma na mão e uma carteira no bolso da vítima. O comerciante Antônio dos Anjos, que testemunhou o crime, prestou dois depoimentos à polícia. Ele, que teria chamado os PMs após ser assaltado, confirmou que apontou Flávio como suposto criminoso por ele vestir uma camiseta da cor preta, igual a utilizada pelo verdadeiro ladrão.

Ele disse também que ao ser abordado por dois policiais, o dentista levantou as mãos para mostrar que não estava armado. Em seguida, Anjo foi impedido de presenciar a ação dos policiais. Porém, ele admitiu ter ouvido dois disparos e na seqüência foi ameaçado pelo soldado Edson Assunção caso ele delatasse os oficiais à Polícia Civil.

Crime - O caso aconteceu no dia 3 deste mês, quando o comerciante Antônio dos Anjos apontou o dentista como a pessoa que havia o assaltado. Flávio, que voltava do aeroporto de Cumbica (Guarulhos), onde havia deixado a namorada suíça, foi abordado por cinco policiais na zona Norte de São Paulo, e morto com dois tiros. Ao ver o corpo, porém, Antônio percebeu que havia denunciado a pessoa errada.

Nos próximos dias deverão ser divulgados os resultados dos exames de balística das armas dos PMs, além do laudo sobre o teste residuográfico nas mãos dos oficiais. Os resultados deverão revelar quem atirou no dentista.