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Xsara Picasso: tão ousado quanto o mestre da pintura
Paulo Basso Jr.
Enviado pelo Diário ao Rio de Janeiro
01/05/2001 | 18:24
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Com o lançamento do Xsara Picasso pela Citroën, na semana passada, o mercado de monovolumes parece ganhar fôlego suficientemente para se tornar representativo do setor automotivo nacional. Primeiro modelo produzido no país pela montadora francesa, o Picasso concorrerá diretamente com o Zafira e o novo Scénic, apresentados há menos de um mês por GM e Renault, respectivamente.

Até então marginalizados no Brasil, os monovolumes, acreditam as montadoras, conquistarão uma fatia de consumidores que só tinha como opção os compactos e sedãs médios. “A existência de três veículos em um segmento diferenciado será positiva para todas as marcas, pois criou-se um novo mercado e uma nova demanda”, afirma Sérgio Habib, presidente da Citroën do Brasil. Outro monovolume fabricado no Brasil, o Classe A, da Mercedes-Benz, possui características distintas que o colocam longe da briga entre Renault, Citroën e GM.

Se o Scénic aposta na versatilidade e o Zafira na capacidade para até sete pessoas, o Picasso chama atenção pelo design exterior. Ao contrário das linhas sóbrias do modelo da GM e de alguns traços de gosto duvidoso do monovolume da Renault, o novo Citroën conta com detalhes na carroceria que devem agradar até ao consumidor mais exigente. Além dos pára-choques, conchas dos retrovisores e maçanetas pintadas, o Picasso possui vincos laterais e um caprichado jogo de faróis dianteiros em forma de gota.

vista interna do XsaraMas é na principal característica dos monovolumes, o espaço interno, que a briga entre os concorrentes promete pegar fogo. O modelo da Citroën tem como vantagem unir os pontos fortes do Zafira e Scénic: o conforto dos ocupantes e a variedade de porta-objetos. Com cinco bancos idênticos e reclináveis (sendo que o traseiro central possui um trilho), além de espaço suficiente para motorista e passageiros de boa estatura, o Picasso traz 15 locais para se guardar volumes. Entre eles, incluem-se mesas semelhantes às encontradas em aviões atrás dos bancos dianteiros e uma espécie de carrinho de supermercado portátil, localizado no porta-malas.

Apesar desses pontos positivos, é no interior que o monovolume da Citroën apresenta seus principais defeitos. O acabamento peca pela falta de qualidade em pontos como o teto e o painel. Este último, além de ser longo demais, possui alguns buracos por onde o motorista pode ver a carroceria do veículo. Além disso, o painel de instrumentos, que inclui computador de bordo, velocímetro e hodômetro digital, fica no centro do console. Apesar de arrojado, o design é pouco ergonômico para o motorista, acostumado com os comandos atrás do volante.

O câmbio, um pouco duro em relação ao Xsara, por exemplo, também fica em local diferenciado, na parte superior e central do painel. Nesse caso, a inovação é funcional, já que a alavanca fica mais próxima do motorista.

Para compensar a falta de cuidado com o acabamento interno, o Picasso aposta em mais dois diferenciais em relação aos concorrentes: ar-condicionado para os ocupantes do banco traseiro, que podem regular sua vazão, e porta-malas com capacidade para 550 litros, um dos maiores do país.

Avaliação – Originalmente de 137 cv, o motor 2.0 16V que equipa o monovolume da Citroën recebeu um chip para diminuir sua potência para 118 cv. O objetivo foi reduzir o consumo de combustível e adaptá-lo aos sistemas de suspensão e de freio do veículo. O torque máximo, por sua vez, é de 19,4 kgfm a 4,1 mil rpm.

O Diário analisou o desempenho do propulsor na estrada que liga a praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, à cidade de Petrópolis. Em meio às subidas íngremes e curvas fechadas que formam a região serrana, pôde-se perceber que a intenção da Citroën de manter a curva de aceleração do motor até terceira marcha como se ele contasse com 137 cv deu resultado. O monovolume possui respostas rápidas e boa retomada quando em baixo giro. Grandes espaços no escalonamento de marchas, porém, impedem a condução um pouco mais esportiva.

O destaque do motor, no entanto, é o torque. Mesmo ao reduzir de 70 km/h para 30 km/h, em terceira marcha, na subida, não é preciso acionar o câmbio para que o modelo volte a ganhar velocidade. Apesar da carroceria alta, o veículo também mostrou-se estável nas curvas.

Preço – Com quatro air bags, direção hidráulica e ar-condicionado duplo de série, o Picasso será vendido em duas versões: a GLX, que custa R$ 37,2 mil, e a Exclusive, que inclui CD Player, freios ABS, regulador digital de ar-condicionado e rodas de liga leve, cujo valor pula para R$ 41,3 mil. Os preços são superiores aos do Zafira e estão entre a versão mais barata e a mais cara do Scénic.

Ao contrário do concorrente da GM, o Picasso não deve ser equipado com câmbio automático. De acordo com Habib, o equipamento elevaria muito o preço do modelo.




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