Chevrolet S10 e Ford Ranger são rivais em solo brasileiro há muito tempo. A primeira chegou em 1995 e a outra três anos depois. Neste comparativo, colocamos frente a frente a nova Ranger Sport, que volta ao catálogo do modelo após período de férias, e S10 Advantage.

Partindo de R$ 49.388, logo de cara a representante da Chevrolet alfineta a concorrente, que custa R$ 53.885 - diferença importante de R$ 4.497.

Por este preço, a S10 entrega de série ar-condicionado, direção hidráulica e freios ABS. Por mais R$ 2.933 é possível equipá-la com rodas de liga leve de 16 polegadas e travas e vidros elétricos, elevando o valor final para R$ 52.321 - ainda R$ 1.564 mais em conta.

A Ranger, por sua vez, traz - além de tudo o que a S10 oferece de série e opcionais, fora os freios ABS - o rádio CD player. Não há opcionais para a picape da Ford.

TRABALHO - Convenhamos, picape cabine simples não serve para outra coisa a não ser trabalhar, já que leva no máximo três ocupantes - como é o caso das nossas concorrentes. Por isso, a saúde para pegar firme no batente é fundamental.

A Ranger, neste caso, leva vantagem. Tem caçamba maior (1.455 litros) e pode carregar até 777 quilos. A S10 é um pouco mais acanhada: 1.140 litros de caçamba e capacidade para 715 kg. A tampa da caçamba é removível para facilitar o transporte de grandes objetos nas duas picapes.

E para encarar o dia a dia na cidade - ou perímetro rural carregada - é preciso disposição. Neste caso, as duas são parecidas, com pequenas diferenças.

A Ranger é equipada com o já conhecido bloco 2.3 Duratec 16V, que gera 22,1 mkgf de torque e 150 cv de potência. A S10 tem o propulsor 2.4 Flexpower, que entrega 21,9 mkgf e 147 cv. A diferença, no entanto, está na alimentação destes motores. Enquanto o Ford bebe apenas gasolina, o Chevrolet funciona também com álcool.

Rodando, no entanto, são muito parecidas. A transmissão manual de cinco velocidades da Ranger tem engates típicos de picape média: longos e um pouco imprecisos. A alavanca treme, mas não tanto quanto a de um veículo a diesel. A caixa da S10 - também de cinco marchas - não é diferente.

Os acertos de suspensão também são parecidos. As duas picapes utilizam sistema independente na dianteira e feixe de molas semielípticas de dois estágios na traseira. Com isso, elas ficam ligeiramente molengas. Nas curvas e frenagens mais bruscas, a inclinação da carroceria é nítida. Manobras bruscas e repentinas em velocidades acima de 80 km/h não são recomendadas.

INTERIOR - As duas concorrentes têm acabamento simples. Ideais para veículos de trabalho. Não há requinte. Banco de couro não está nem entre os opcionais, mas deve-se destacar a qualidade dos tecidos utilizados nos revestimentos. Há muito plástico, algo que se torna interessante, principalmente quando se levanta poeira nas estradas de terra. Os painéis de instrumentos são simples, mas de leitura rápida e fácil. Para engenheiros da Chevrolet e Ford, menos é mais.

DESIGN - O visual da Ranger e da S10 talvez seja o ponto fraco das duas. O caso da representante da Chevrolet é mais gritante. Apesar do tapa no visual que recebeu em 2008, a S10 precisa ser completamente reformulada. A Ranger, por sua vez, ganhou novo design no segundo semestre de 2009. Mas também precisar ser repensada pela Ford.

RESULTADO - Por ter preço inicial mais em conta, custo-benefício melhor e não dever em desempenho, a S10 levou a melhor neste comparativo. O ponto positivo da Ranger é a capacidade de carga mais elevada - ponto a ser considerado mas que, sozinho, não faz da Ford a vencedora. Talvez se Chevrolet encarasse a Ranger XLS cabine simples, que parte de R$ 49.625, o resultado da briga fosse diferente. Mas essa é outra história.