Economia Titulo Benefício
PLR injetaria R$ 2,5 bi no Grande ABC se todo empregado a recebesse

Estudo considera renda média de R$ 3.026,93 e propõe que até metade do valor seja pago por meio de ações

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
14/09/2018 | 07:22
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Marcello Casal Jr/Agência Brasil


Se cada trabalhador formal do Grande ABC recebesse um salário médio a mais por ano como PLR (Participação de Lucros e Resultados) seriam injetados R$ 2,5 bilhões na economia regional. O valor poderia, inclusive, ajudar a desenvolver o mercado de capitais, caso as empresas oferecessem a possibilidade de ao menos parte do benefício ser pago em ações, o que seria viável para empresas de capital aberto.

É o que aponta pesquisa realizada pelo Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano). Os dados são da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) do MTE (Ministério do Emprego e Renda) de 2016 e mostram a existência de 731.238 empregados formais com salário médio de R$ 3.026,93.

O coordenador do Conjuscs, Jefferson José da Conceição, afirmou que nem todos os trabalhadores da região têm acesso a esse tipo de remuneração. “Mas se pelo menos 20% recebessem a PLR, na magnitude de um salário médio a mais por ano, poderia se chegar a valor estimado de aproximadamente R$ 500 milhões por ano no Grande ABC”, estimou. “A intenção do trabalho é mostrar que esta massa de valor é significativa e poderia servir para ajudar a desenvolver o mercado de capitais, viabilizar recursos mais baratos para os investimentos das empresas e aumentar os ganhos dos próprios trabalhadores, na medida em que as ações se valorizarem no futuro. Neste sentido, vamos fomentar o debate envolvendo, sobretudo, as empresas e os sindicatos da região em torno desta possibilidade de ferramenta de desenvolvimento.”

Se 30% dos recursos anuais potenciais da PLR fossem aplicados na distribuição de ações, o valor potencial chegaria a R$ 748,3 milhões. Se este número fosse para 40%, alcançaria R$ 997,8 milhões e, 50%, ficaria em R$ 1,2 bilhão. “O mecanismo proposto ajusta-se às necessidades das empresas nos dias de hoje. Elas buscam, pouco a pouco, mudar determinadas culturas que prevalecem entre os empregados, empresários e poder público. A intenção é que os empregados passem a perceber que o valor da PLR (a ser pago em parte na forma de ações da empresa) aumentará na medida em que as próprias ações se valorizem. Isso significa que a empresa deve ser mais eficiente em seus processos, promover o combate ao desperdício e inovar nos seus produtos e métodos de produção. E que, ao final, todos esses indicadores dependem do próprio empregado”, afirmou o doutorando e responsável pela pesquisa Ricardo Kawai.

Entretanto, o estudo aponta que o mercado de capitais brasileiro ainda é incipiente e precisa se desenvolver, tanto em relação ao número de empresas com capital aberto como no valor total negociado com ações nos pregões. Atualmente, apenas seis empresas cujas sedes estão na região possuem capital aberto na B3 (antiga Bovespa) – Via Varejo, CVC Brasil, Tegma, Bombril, Mangels Industrial e Fibam. “Cabe ao poder público apoiar e estimular todo este arranjo que envolve a PLR, a distribuição de ações e o lançamento de ações na Bolsa de Valores. Este arranjo engloba, por exemplo, a criação de nova legislação”, ponderou Kawai.
 




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